terça-feira, 1 de abril de 2025

Transição Energética na Europa Promete Sacudir o Planeta

Com efeitos variados dependendo da localidade

transição


Atingi a terceira publicação científica nesse ano, com o artigo "Impactos da Transição Energética Europeia: Efeitos de Transbordamento e Canais de Transmissão" (o título original é: Impacts of the European energy transition: Spillover effects and transmission channels), publicado na revista Innovation and Green Development. Tive como co-autor o professor e diretor da Universidade de Auckland, Emilson Silva. Na verdade, co-autor e amigo.  

O artigo mostra o que ocorre com a China e os Estados Unidos (EUA) quando a Europa decide avançar sua transição energética, isto é, quando a produção de energia renovável se eleva em comparação com a produção total de energia. Se há efeitos tanto na China quanto nos EUA, é evidência de efeito transbordamento: aquele efeito que supera as fronteiras nacionais e extravasa para outros domínios. Normalmente, quase tudo na economia tem efeito transbordamento (o termo mais comum é spillover), o ponto é mostrar, empiricamente, que de fato temos esse tipo de efeito. 

Veja a figura abaixo que mostra as emissões de gás carbono (CO2) da Europa (eixo esquerdo) e a variável de transição energética (eixo direito). Há uma relação negativa: conforme a transição energética se expande e avança, há recuo nas emissões de gases poluentes. Nenhuma surpresa, pois o cerne da transição energética é justamente reduzir a produção de energia advinda de combustíveis fósseis, aqueles que mais poluem o meio ambiente. As colunas cinzas terminam a figura no valor 0.4, indicando que 40% de toda a energia produzida na Europa é de fonte renovável. Há um longo caminho a percorrer até concretizar a transição energética. 

renovável


A próxima figura simula o avanço da transição energética da Europa e mostra como China e EUA respondem. Veja que a transição energética na China se reduz, enquanto nos EUA há aumento. Na segunda parte da figura, as emissões de gás carbono decrescem na Europa e nos EUA. Em contrapartida, na China, há aumento das emissões. 

gás carbono


Essa figura sugere que a China segue política energética contrária à Europeia, ou que ao perceber o avanço de renováveis na Europa, a China responde de forma distinta, talvez elevando a produção de combustível fóssil, dado que os chineses são grandes produtores de energia derivada de carvão. EUA e Europa mostram complementações na área energética - o que faz sentido, dado que essas duas regiões são aliadas em vários segmentos (a administração de Donald Trump é uma exceção a essa harmonia). 

O último resultado que mostro é a decomposição da transição energética (energy) da Europa e de suas emissões de CO2. O ponto principal são as colunas denominadas U. S. (EUA) e China. Veja que, em 24 meses, os EUA afetam a transição energética da Europa em 8% (7.68+0.33) e a China em 10.7% (1.5+9.2). Isso significa que algo por volta de 20% de toda a transição energética da Europa é influenciada pelo ambiente externo, aqui representado pelo eixo EUA e China. No caso das emissões de gás carbono, o valor é de 8%. Em outras palavras, a Europa não é uma ilha isolada - está suscetível à influência externa. Mais efeitos spillovers sendo detectados. 


energia gás carbono


Diversos estudos têm demonstrado que a transição energética irá afetar nossas vidas de variadas formas. Ainda não temos muita noção dos efeitos positivos e negativos. Sabemos da redução de gás carbono e da preservação do planeta, mas pouco sabemos sobre os impactos diretos em nossas vidas diárias. Esse artigo contribuiu ao mostrar que há efeitos advindos de outros países, os quais afetam outras nacionalidades.  

O artigo pode ser lido aqui






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