sábado, 8 de março de 2025

Aqueles Velhos Erros

Repetição de equívocos econômicos parece um ciclo 

preços dos alimentos


Recentemente o governo divulgou medidas para baratear os preços dos alimentos. Os principais alvos são os preços de ovos, carne, café, açúcar, milho e azeite, que dispararam nos últimos meses. Eu até brinquei sobre o meu padrão de consumo do café em uma de minhas colunas (aqui). No meu caso, sempre continuarei a comprar pó de café, não importa as subidas de preços - tanto meu bem estar (sempre fico feliz ao tomar café) quanto minha produtividade seriam prejudicados em caso de redução ou cortes no seu consumo. De toda forma, eu estava receoso do mistério que o governo vinha fazendo com essas medidas para baratear os alimentos. Dado o histórico de lambanças na economia por parte de Lula e do PT, imaginei o pior. 

Mas não. Não foi tão ruim. O governo anunciou reduções nas tarifas de importação desses alimentos. A ideia é baratear a importação desses itens de forma a elevar a quantidade desses bens no Brasil, forçando produtores nacionais a também reduzirem os seus preços. Consumidores conseguirão importar, por exemplo café, a preços reduzidos. Essa medida pode dar um alívio, mas é somente um paliativo. Como é praxe desse governo, as medidas normalmente são construídas mirando o efeito imediato, negligenciando o longo prazo e a raiz estrutural do problema. A miopia permanece

A raiz do problema é o câmbio depreciado e quebras na produção por conta de mudanças climáticas. Lula e o PT não têm responsabilidade em relação à mudança climática. Todavia, no tocante ao câmbio depreciado, são responsáveis. Um câmbio menos depreciado, digamos na casa de 4 reais por dólar, tornaria a importação de produtos muito mais barata, reduzindo o nível de seus preços. Obviamente, como tenho discutido, o câmbio vai melhorar somente quando o ajuste fiscal ocorrer - e receio que Lula não tenha inclinação para fazer um ajuste fiscal. Ajuste fiscal envolve medidas pouco populares, desgaste político e benefício de longo prazo. Poucos presidentes brasileiros têm a coragem de realizá-lo.

A respeito da redução das tarifas de importação, note que elas representam a perda de receitas tributárias. Caso o gasto público não seja também reduzido, as contas públicas irão piorar ainda mais. Quando o governo anunciou tal medida, nada sobre o gasto público foi dito - e assim ficou. Se a perda de receitas for significativamente elevada, o câmbio pode depreciar ainda mais! Pois o buraco fiscal e a saúde das contas públicas iriam piorar, elevando o risco do país em não honrar suas dívidas. Como se vê, a redução das tarifas pode gerar um benefício transitório (efeito de curto prazo, imediato), mas produzir um grande impacto negativo (efeito de longo prazo) sobre uma economia que tem andado mal das pernas. 







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