domingo, 23 de fevereiro de 2025

Continuamos na Mesmice

E sem responsabilidade e aprendizado com erros passados

país caindo em deriva


A sensação no país é de que tanto o governo quanto a economia não estão indo bem. No caso da economia, a insatisfação se origina principalmente do aumento dos preços dos alimentos. Diversos alimentos essenciais estão com preços crescentes, como ovos, tomates e frutas. No meu caso, senti o preço do pó de café, que também se elevou significativamente. Café é um importantíssimo insumo para minha vida profissional e pessoal. Sempre me ajuda nas pausas e nas recuperações. Mas enfim! O clima é de que o custo de vida subiu para todos. Além dos aumentos que mencionei, há ainda o dos combustíveis, que penaliza a todos.

Fatores como a mudança climática (gerando a quebra de colheitas e produção de alimentos), o câmbio depreciado (pois importamos parte do que consumimos) e a ausência de ajuste fiscal explicam esse aumento da inflação nacional. Caso tivéssemos realizado o ajuste fiscal, teríamos um câmbio menos depreciado, talvez na casa dos 4 reais, inflação menor e menor taxa de juros. Como o governo se omitiu dessa tarefa, está agora colhendo as consequências negativas. 

Atualmente estou lendo o livro Macroeconomics, escrito por Dornbusch, Fisher e Startz, com o objetivo de reformular todo o meu curso de Teoria Macroeconômica. Em um dos capítulos, os autores mostraram que o aumento dos preços é um dos principais elementos que causam a insatisfação de eleitores com o governo dos Estados Unidos. Na última eleição dos EUA, Kamala Harris foi punida pelos eleitores por conta da inflação. Lula está sendo agora. E corretamente. 

Eu não tenho muita simpatia pelo modo de governo do Partido dos Trabalhadores (PT). Tenho a impressão que todas as medidas pensadas e implementadas pelo partido são julgadas pela quantidade de votos e apoio popular que irão gerar. Se ajudam ou não o país, é secundário. O principal é agradar a população. Em outras palavras, um populismo barato que sai caro no final. O caro está sendo a inflação dos alimentos.

Note, portanto, que o próprio governo plantou e criou o seu problema atual. Mas obviamente que Lula e companhia não admitirão o equívoco na condução da economia - que político tem tal honestidade? Vou mais além, quem tem tamanha postura para admitir erros ao longo de suas vidas e ter a humildade de revertê-los ou mitigá-los? Poucos leitor. A verdade, como nos dizia Albert Camus, é muito dura. Crescer moralmente é difícil - exige sacrifícios. 

Voltando à economia do país. Não tem muito segredo para superarmos o atual dilema. A solução para reverter o aumento dos preços passa por reduzir o gasto público, realizar o ajuste fiscal, subir a taxa de juros Selic e realizar reformas fiscais para alterar a forma como o gasto público evolui e criar regras de contenção desses gastos. Essas medidas iriam desacelerar a demanda agregada, reduzir a dívida pública e gerar um câmbio menos depreciado. Importante, nenhuma dessas medidas envolve o controle dos preços ou acusações de que produtores estão sendo ambiciosos e injustos. É outro erro acusar empresários e produtores de exploração na atual circunstância. 

Enfim, o jeito é esperar que o governo realize algumas das medidas que elenquei anteriormente. A julgar pela experiência, pouco será feito. Talvez o próximo governo tenha maior comprometimento com o ambiente macroeconômico e seja mais responsável com sua população. Não estou muito otimista, pois quando converso com não-economistas, muitos apoiam Lula e concordam que o país está sendo vítima de produtores, de exploradores e do mercado financeiro. Estariam sugando os recursos do país sem piedade com os brasileiros. Como nossos políticos são derivados da população, e expressiva parte da população pensa dessa forma, os futuros políticos podem não ser tão diferentes dos atuais. Sem dúvidas, projeções e perspectivas pouco alvissareiras para o futuro econômico do Brasil. 

Para finalizar, vejam a figura abaixo, do Banco Mundial. Ele mapeia a inflação dos alimentos em todos os países. Note que o Brasil está entre os piores países em termos de preços dos alimentos. Na América Latina, só não estamos piores do que a Argentina. Estamos em nível parecido com o da Venezuela e da Bolívia. Tirando esses, toda a América Latina não está sofrendo com inflação dos alimentos como o Brasil - mais uma evidência de que esse problema é auto infligido, derivado de erros na condução da política econômica pelo governo Lula. 


 

  













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