sábado, 9 de dezembro de 2023

Nada de Novo para o Brasil em 2024

Economia continuará estagnada

crescimento


Tudo indica que a economia brasileira continuará apresentando dificuldades para crescer de forma rápida e acelerada nos próximos anos. O aumento do produto interno bruto (PIB) continuará deixando a desejar. A implicação disso é que o padrão de vida do brasileiro tenderá a continuar mais ou menos do jeito que está, insuficiente, para grande massa da população, para satisfazer necessidades básicas. Apesar das críticas que recebe, focar no aumento do PIB é essencial para superar mazelas sociais: países que conseguiram elevar o PIB continuamente por décadas atingiram elevado padrão de vida. A explicação é simples: quanto maior o PIB, maior a renda para ser distribuída.  

Outra relação que é ignorada pelo país é a de que a produtividade se associa com os salários. Posto de outra forma, quanto mais produtivo formos, maior tenderá a ser o salário que iremos receber. A discussão da produtividade do trabalhador, similarmente com a do PIB, também é ruim. Concentra-se nos fatores pouco importantes, deixando o essencial intocável. Por exemplo, essa semana a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, pediu aumento do gasto público. Esse pedido não se restringe somente a Gleisi - talvez a maioria dos brasileiros concordem com ela. 

Fernando Haddad, a surpresa positiva do PT nesta administração, tem argumentado a favor da contenção do gasto público. Os críticos fazem piadas de que há economistas que "acreditam que apenas cortar o gasto irá trazer todo o crescimento almejado". Como quase todo argumento construído por piadas ou memes, este se equivoca pela simplicidade. Redução do gasto público não irá automaticamente gerar crescimento econômico. Irá, por outro lado, melhorar o ambiente macroeconômico, o qual tem andado, nos últimos anos, em desalinho. 

Ambiente macroeconômico é o equilíbrio da economia formado pelas taxas de juros, de inflação, de câmbio, pelo nível da dívida pública e o crescimento do PIB. É uma das condições para gerar crescimento econômico que este ambiente macroeconômico esteja estável. Uma das condições. Não a única. A redução do gasto se propõe a arrumar a crise fiscal iniciada durante o governo de Dilma Rousseff (2011-2014). Com o ajuste fiscal, a dívida pública passaria a ter tendência declinante, se reduzindo ao longo do tempo, com a subsequente queda da taxa de juros. Possivelmente a taxa de câmbio, hoje por volta dos 5 reais por dólar, também tenderia a cair (o câmbio em 5 reais/dólar é um dos fatores do aumento dos preços dos carros). 

Mas por que a economia não irá crescer de forma acelerada nos próximos anos - idem para a produtividade do trabalho? A resposta é simples. A economia brasileira está obsoleta em vários eixos. Ela precisa de reformas estruturais para modernizar e destravar essas áreas. Tome por exemplo a reforma tributária. Com ela, as condições de competição entre os setores tenderão a ser mais próximas: atrairá investimento o setor mais produtivo e promissor, e não o que tem vantagens fiscais. A vantagem tributária distorce o investimento para setores pouco produtivos. O resultado é menor produção, emprego e produtividade no país como um todo (mas o setor beneficiado pela isenção irá crescer mais do que os demais - eis a fonte de confusão!). Vantagens tributárias e distorções nos impostos estão entre os fatores que ajudam a explicar o meu pessimismo com 2024 - e com os anos seguintes. Sem reformas estruturais, continuaremos sendo o país promissor que nunca engata. 













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