quinta-feira, 18 de janeiro de 2024

Donald Trump e os Grandes Líderes

Trump pode adicionar incerteza na economia mundial

protecionismo


A corrida eleitoral nos Estados Unidos (EUA) segue gerando incertezas e flutuações nos mercados financeiros mundiais. Há muita dúvida sobre uma possível candidatura de Donald Trump e uma possível vitória. Até agora, Trump tem se destacado nas primárias do partido Republicano.

Ao contrário do Brasil, nos EUA os partidos escolhem os candidatos que disputarão as eleições presidenciais por meio das primárias, que são eleições entre os próprios candidatos do partido. Trump ainda detém enorme apoio da população, mesmo considerando eventos como o ataque ao Capitólio (Capitol) e os processos jurídicos que podem gerar sua prisão. 

Quando eu era mais novo, sempre me questionei como políticos genocidas como Stalin e Hitler conseguiram subir ao poder e, uma vez lá, efetuar os planos e políticas que culminariam na morte de milhões de pessoas. Hoje, lendo muitos livros de história, minha dúvida se dissipou: eles contavam com amplo apoio da população. É o caso de Trump, político que foi contra as vacinas durante a pandemia e incentivou conflitos durante os protestos pela morte de Floyd. Um bom líder nacional prega a união, não o conflito. De forma similar, Jair Bolsonaro ainda acumula milhões de seguidores aqui no Brasil. Não me espantaria se ele ganhasse uma futura eleição. E como Trump, Bolsonaro acumula fatos bizarros, como a também negativa às vacinas durante a pandemia, suposto golpe de Estado em sua derrota, redirecionamento da Polícia Federal para fins privados, "rachadinhas"... A lista é longa. 

Seguindo a tradição desse blog de criticar tanto políticos de esquerda quanto da direita, o presidente Lula também acumula seguidores, mesmo com enorme evidência apontando para roubos aos cofres públicos, propinas e vantagens ilícitas para empresas durante o seu governo (ele foi preso, inclusive), além de frases bizarras e com teor genocida, como a apologia ao vírus da Covid-19. Tenho vários amigos que consideram tanto Lula quanto Bolsonaro como políticos honestos, exemplos de estadistas.  

Concordo cada vez mais com a tese de Liev Tolstói, no livro Guerra e Paz; livro não, obra de arte, na qual argumenta que as guerras napoleônicas, bem como as vidas perdidas e os massacres, não ocorreram por causa de Napoleão, mas devido aos milhões de franceses que desejavam tal massacre. Precisava-se, como é o caso dos líderes citados, de alguém para outorgar, permitir, legalizar tais atos. E a história mostra que sempre existem essas figuras. Pense na Rússia de Vladimir Putin. Os ataques à Ucrânia não ocorreram por causa dele, mas de milhões de russos que pleiteavam tais ataques. Por vezes, líderes apenas refletem desejos profundos da população.

Voltando a falar de Donald Trump, o seu primeiro governo mostrou políticas comerciais protecionistas; muitas voltadas para prejudicar o fluxo comercial com a China. É verdade que o comércio entre os EUA e a China prejudicou os americanos de baixa e média renda, pois perderam empregos para os chineses, dada a vantagem produtiva da China em bens que exigem população de baixa capacitação (e como a China é dotada de indivíduos de baixa capacitação, com baixo nível salarial, e baixa proteção do governo, o custo de produzir era muito mais baixo). Todavia, no todo, o comércio com os chineses foi vantajoso para os EUA! (Eis um fato difícil de se assimilar). Em geral, o comércio internacional gera ganhos agregados. Pense, por exemplo, nos consumidores dos EUA, que passaram a comprar bens mais baratos vindos da China. O mesmo ocorre aqui no Brasil. A regra é clara: consumidores sempre querem pagar mais barato. Mas o ganho geral esconde parcela de perdedores - e estes perdedores tentam influenciar todo o processo. 

Desta forma, é provável que em um segundo governo de Trump as políticas protecionistas retomem, o que irá reduzir o nível de comércio internacional entre os EUA e a China. Como o fogo de Trump pode se alastrar, outros países podem sofrer restrições ao comércio com os EUA. No geral, portanto, todos podem sair prejudicados. A Ciência Econômica é clara neste ponto: comércio internacional auxilia no crescimento econômico. Como Trump visa reduzir o fluxo comercial, a tendência é, tudo o mais constante, menor dinamismo produtivo.

E o leitor pode questionar: se o resultado é negativo, por que Trump irá impor essas políticas? A resposta é rápida e direta: no curto prazo, o protecionismo aumenta a renda do país que impõe restrições. O problema surge no longo prazo. Outro ponto é que, como no Brasil, Trump estará atendendo o desejo de grandes empresários e empresas, que saem ganhando com o protecionismo, embora o país como um todo se prejudique. Há, também, sempre o componente da miopia - ou falta de compreensão para perceber o lado negativo do protecionismo. Em suma, o lado protecionista de Trump assusta os mercados financeiros, e parte da queda atual das ações decorre da incerteza relacionada à ascensão de Trump. Mas não vejo incerteza alguma na popularidade quase intacta de Trump: milhões de americanos ainda o veneram.  







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