segunda-feira, 15 de julho de 2024

O Povo Explica e Produz os seus Governantes

Governantes e suas ideias não surgem de um vácuo


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O recente ataque a tiros ao candidato à presidência dos Estados Unidos, Donald Trump, suscitou discussão de teorias (conspiratórias). Há quem afirme que o ataque foi planejado para impulsionar a imagem de Trump. Considero altamente improvável tal hipótese. Em parte, porque nunca fui fã de teorias conspiratórias. E analisando o vídeo do ataque, com a bala passando a centímetros do rosto de Trump, quase realizando um head-shot, seria colocar risco excessivo em uma encenação. 

Muitos fizeram analogias com o ataque sofrido por Bolsonaro na cidade mineira de Juiz de Fora, em 2018, às vésperas das eleições presidenciais, que seriam vencidas por ele. O ataque, de acordo com algumas pesquisas de opiniões, contribuíram para a vitória de Bolsonaro. De novo, vejo muito risco em uma encenação. Tanto no caso de Bolsonaro quanto no de Trump, minha hipótese é de que foram pessoas psicologicamente doentes/instáveis atacando no furor da paixão política. Houve maior cálculo e cuidado no caso de Trump, enquanto no de Bolsonaro a arquitetura foi mais simples. Momentos lamentáveis na política dos dois países. O presidente brasileiro Lula acertou ao dizer que o ataque nos EUA "empobrece a democracia"

Eu estudava em São Paulo, na USP, quando o ataque à Bolsonaro ocorreu. Alguns estudantes comemoravam o ataque e torciam pela morte do candidato (e aqui repousa uma ironia: acusavam Bolsonaro de promover violência e os mesmos estudantes comemoravam um ato de violência). Afirmavam que sem ele a democracia e o país ficariam em paz. Tenho dúvidas desse tipo de raciocínio, pois considero os políticos que temos como reflexos, ainda que imperfeitos, da população. 

Atualmente estou relendo a obra de Platão, A República, e nela o autor é direto ao atribuir o nível do governante com o da população. Quando a população degenera em termos culturais, educacionais e morais, o seu governante também segue caminho similar. Um origina e explica o outro. Em outra obra, Guerra e Paz, de Tolstói, o autor explica a invasão francesa na Rússia, no século XIX,  motivada pelos inúmeros franceses desejosos de saquear, roubar e atacar com violência. O imperador Napoleão Bonaparte seria apenas o sancionador/outorgador de tais atos: daria o aval para a violência e atos que seriam, em tempos normais, considerados inadequados e ilegítimos. 

Eu me junto a esse raciocínio. Se Bolsonaro tivesse falecido em 2018, teríamos hoje outro representante com pensamentos e ideias similares (na verdade, já temos). Bolsonaro não inova ao dizer e defender suas teses. Apenas replica o que um grande grupo de brasileiros almeja. Similarmente, Trump não gerou o número de adeptos que o apoiam quase cegamente: há milhares de norte-americanos desejosos de que o país seja conduzido da forma como Trump almeja. Parece ser uma regra da ciência política: os governantes refletem grupos da população. 

Nos EUA, eu prefiro Joe Biden como candidato, mas desde que este esteja em condições físicas e mentais de governar. Os últimos meses mostraram que Biden não está apto a chefiar a maior economia mundial, envolvida em várias questões geopolíticas. Assim, caso o partido de Biden (os democratas) não o substituam, Trump seria o melhor candidato.

Aqui no Brasil, seguindo o raciocínio de que os governantes refletem o povo que governam, Lula e o PT implementam políticas reivindicadas por milhares de brasileiros. Lula não inventa a roda, apenas a reproduz. O problema é que essa receita não é a que faria com que o Brasil se tornasse uma economia rica, desenvolvida e vibrante. Todavia, a essência da questão repousa em nós brasileiros. Quando melhorarmos nosso entendimento da Ciência Econômica, ou seja, melhorarmos nossa educação sobre os mercados econômicos, não tenho dúvidas de que teríamos governantes mais alinhados com ideias econômicas que funcionam e geram prosperidade. 

Platão argumentava que o caminho para melhorar o governo (ou a República, como ele o denota) seria por meio da melhora da educação do povo. Penso o mesmo para o Brasil. 













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