sábado, 27 de julho de 2024

Saúde Mental e Economia

Saúde mental afeta comportamento de indivíduos, com possíveis implicações econômicas

mortes por overdose


Quem acompanha esse blog sabe que eu gosto de ler sobre psicologia. E parece que parte do público aprecia algumas resenhas que coloco. Por exemplo, a resenha do livro Nação Dopamina, de Anna Lembke, está entre as mais lidas (resenha aqui). Outra resenha que tem recebido crescente leitura é Por Que Ninguém me Disse Isso Antes?, da carismática (alguns dizem que não é) e simpática Julie Smith (resenha aqui). Ela também tem um canal no Youtube (aqui). Resolvi dar o próximo passo, um pouco mais ousado, que foi incorporar a psicologia na minha agenda de pesquisa, com a contribuição da psicóloga Bárbara Attílio.

Atualmente eu misturo macroeconomia com mudança climática (uma de minhas principais publicações deste ano está resumida aqui). Meu mais recente projeto misturou psicologia nesses dois campos. A figura abaixo mostra uma variável que representa a saúde mental de pessoas. Ela retrata a quantidade de mortes a cada 100 mil habitantes por conta do abuso de álcool, da overdose de drogas e de suicídio. A figura mostra os dados do Brasil (em azul), da Finlândia (em laranja) e dos Estados Unidos (em cinza).

 doença mental

Veja que a Finlândia tem o maior número de óbitos, por volta de 50 pessoas. Isso é um pouco estranho porque a Finlândia é ranqueada entre os países mais felizes do mundo. Os EUA aparecem em seguida com níveis crescentes de mortes devido a esses fatores. O Brasil tem o menor número, estável ao longo dos anos, entre a faixa de 10 a 20 mortes por ano a cada 100 mil brasileiros. Essa discussão é importante pois, por exemplo, entre policiais, as mortes por suicídio superam as mortes em confronto direto.  

A variável acima retrata a saúde mental porque pessoas com dificuldades em lidar com problemas internos e externos podem recorrer a substâncias para mascarar a dor. Viver é uma intensa luta para conseguir continuar, e infelizmente algumas pessoas não conseguem. Desta forma, conforme o número de mortes aumenta devido aos 3 fatores elencados, há indícios de que a saúde mental esteja piorando. Este parece ser o caso dos EUA.

A mais recente resenha que escrevi, o livro A Geração Ansiosa (resenha aqui), argumenta que a difusão das redes sociais e a nossa capacidade de ficar online 24 horas exacerbaram nossos níveis de ansiedade e depressão. É normal se sentir ansioso, o problema é quando ela é constante e em níveis elevadíssimos. O agravante da ansiedade e da depressão pode ser óbitos, como os retratados pela figura acima.  

E onde entra a economia nesta conversa? Quando visualizamos alterações nos preços (inflação) e flutuações no mercado de valores, como altas e quedas do Índice Bovespa, estamos vendo o resultado agregado do comportamento de indivíduos. Toda economia é formada por indivíduos, e as ações destes indivíduos geram os resultados que ficamos informados. E se a saúde mental afetasse o comportamento destas pessoas? Esperaríamos que a economia também fosse influenciada. É esta linha que tenho explorado. 







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