Mercado de Ações Brasileiro Segue a Economia do País

Selic alta, câmbio muito depreciado e ausência de reformas estruturais jogam para baixo o valor das ações

O desapontamento com a bolsa de ações brasileira reflete o fraco desempenho da economia do país. Veja na figura abaixo o resumo do Ibovespa nos últimos 5 anos. O valor enquanto escrevo, de 119 mil pontos, é praticamente o mesmo apresentado em 2020. É como se o avanço que a bolsa teve no período tivesse sido revertido e perdido.  

Em geral, mercados de ações incorporam as empresas de maior destaque, portanto, as maiores, possivelmente mais lucrativas, de maior escopo (vendem no mercado nacional e no internacional) e de maior complexidade administrativa. A letargia do Ibovespa decorre de um futuro econômico também pouco promissor.

Como o mercado de ações absorve as informações do presente e do futuro, o seu valor já considera as expectativas da economia nos próximos anos. Por isso que é muito difícil "bater" o mercado e obter rendimento pela compra e venda sistemática de ações - a famosa atividade day trader. A precificação do futuro é o preço das ações de hoje. 

Portanto, o Ibovespa é um importante parâmetro para avaliarmos a economia do país. No momento, reina o pessimismo. Em parte, por conta da taxa de juros Selic, que tenderá a crescer nos próximos meses, talvez atingindo valores de 15%. A alta Selic encarece o crédito, tornando o investimento mais custoso. Logo, as empresas listadas na bolsa irão investir menos, produzir menos, contratar menos e, portanto, lucrar menos. Esse ciclo recessivo já foi incorporado. Daí a queda do valor das ações nas últimas semanas. Lembre-se: o mercado de ações sempre precifica o futuro. Ele pode errar, mas irá rapidamente ajustar o seu preço. 

Creio que teremos um mercado de ações em crescimento sustentado, batendo máximas históricas e se comportando como realmente um investimento de risco (risco maior gerando maior retorno), somente quando a macroeconomia do país for ajustada. Por macroeconomia me refiro às contas públicas, às taxas de juros e de câmbio, inflação, regras do jogo (toda a microeconomia para empreender e produzir no país) e reformas estruturais. Até lá, não estou otimista com a bolsa brasileira.