terça-feira, 25 de novembro de 2025

Guerras Estão Chegando nos Lares Brasileiros?

A matança não, mas os seus efeitos sim



Quando guerras ocorrem, como o conflito interminável entre a Rússia e a Ucrânia, o que ocorre com o custo de vida aqui no Brasil?

E quando há conflitos diplomáticos entre os Estados Unidos (EUA) e a China, nosso custo de vida também é afetado?

Eu respondi a essas perguntas na minha mais recente publicação, o artigo When global tensions hit the table: geopolitical risk and Brazil’s food prices

Traduzindo: Quando tensões globais atingem a mesa: Risco geopolítico e os preços de alimentos no Brasil

(títulos de artigos científicos são geralmente secos e frios - tentei usar um título um pouco mais legal)

Eu mostrei que guerras e conflitos diplomáticos reduzem nosso poder de compra: ficamos relativamente mais pobres.

Por quê?

Porque os preços de alimentos tendem a subir quando o ambiente externo está agitado - como tem sido a regra nos últimos anos. 

Eu mostrei que há 3 formas de entender esse resultado.


PRIMEIRO CANAL:

O mercado de petróleo é altamente sensível a conflitos entre países, fazendo com que o preço do petróleo suba. 

Como o Brasil importa parte do petróleo que utiliza - e também usamos petróleo nos fretes, há o repasse sobre o custo de alimentos.


SEGUNDO CANAL:

A guerra da Rússia com a Ucrânia ilustra o segundo canal. A Ucrânia é uma grande exportadora de grãos, que também são importados pelo Brasil.

A guerra reduziu a oferta desses grãos (lembrando que guerras sempre empobrecem os envolvidos). 

Pela lei da oferta e da demanda, a queda da oferta faz com que os preços de grãos e de commodities subam. Logo, pagamos mais pelos alimentos.


TERCEIRO CANAL:

A depreciação cambial aumenta o custo de importados, como alimentos. Também o Brasil importa grande parte dos alimentos que temos nos mercados. 

Muitos itens da cesta básica são sensíveis ao câmbio.

A regra é clara: quanto mais depreciado o câmbio, mais caro são os importados. 


Logo, conflitos entre países, guerras, tretas e desentendimentos tendem a elevar os preços do petróleo, de commodities e a depreciar o câmbio nacional.

Todas essas forças elevam os preços de alimentos aqui no Brasil.

Temos de pagar mais para poder comer o mesmo que comíamos antes. 

Claro, há remédios para esses efeitos.

O governo brasileiro poderia, quando os preços de alimentos subirem substancialmente, transferir renda para brasileiros vulneráveis, de baixa renda.

Essa transferência de renda poderia compensar o maior custo de alimentação. 

O leitor pode questionar: e se esses brasileiros gastarem a renda com apostas online, bebidas e garotas/garotos de programa?

Os mais liberais podem dizer: que assim seja! Ele fez sua escolha.

Eu digo que ainda assim vale a pena transferir o dinheiro, pois muitos brasileiros o usariam para se protegerem do maior custo de alimentação. 

O governo poderia informar que essas transferências são principalmente para compensar a perda de poder de compra - talvez ajude.

De toda forma, o artigo mostra como o cenário internacional nos afeta, ainda que não sejamos protagonistas de nenhum desses eventos.

O artigo pode ser visto aqui.

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