A matança não, mas os seus efeitos sim
Quando guerras ocorrem, como o conflito interminável entre a Rússia e a Ucrânia, o que ocorre com o custo de vida aqui no Brasil?
E quando há conflitos diplomáticos entre os Estados Unidos (EUA) e a China, nosso custo de vida também é afetado?
Eu respondi a essas perguntas na minha mais recente publicação, o artigo When global tensions hit the table: geopolitical risk and Brazil’s food prices.
Traduzindo: Quando tensões globais atingem a mesa: Risco geopolítico e os preços de alimentos no Brasil.
(títulos de artigos científicos são geralmente secos e frios - tentei usar um título um pouco mais legal)
Eu mostrei que guerras e conflitos diplomáticos reduzem nosso poder de compra: ficamos relativamente mais pobres.
Por quê?
Porque os preços de alimentos tendem a subir quando o ambiente externo está agitado - como tem sido a regra nos últimos anos.
Eu mostrei que há 3 formas de entender esse resultado.
PRIMEIRO CANAL:
O mercado de petróleo é altamente sensível a conflitos entre países, fazendo com que o preço do petróleo suba.
Como o Brasil importa parte do petróleo que utiliza - e também usamos petróleo nos fretes, há o repasse sobre o custo de alimentos.
SEGUNDO CANAL:
A guerra da Rússia com a Ucrânia ilustra o segundo canal. A Ucrânia é uma grande exportadora de grãos, que também são importados pelo Brasil.
A guerra reduziu a oferta desses grãos (lembrando que guerras sempre empobrecem os envolvidos).
Pela lei da oferta e da demanda, a queda da oferta faz com que os preços de grãos e de commodities subam. Logo, pagamos mais pelos alimentos.
TERCEIRO CANAL:
A depreciação cambial aumenta o custo de importados, como alimentos. Também o Brasil importa grande parte dos alimentos que temos nos mercados.
Muitos itens da cesta básica são sensíveis ao câmbio.
A regra é clara: quanto mais depreciado o câmbio, mais caro são os importados.
Logo, conflitos entre países, guerras, tretas e desentendimentos tendem a elevar os preços do petróleo, de commodities e a depreciar o câmbio nacional.
Todas essas forças elevam os preços de alimentos aqui no Brasil.
Temos de pagar mais para poder comer o mesmo que comíamos antes.
Claro, há remédios para esses efeitos.
O governo brasileiro poderia, quando os preços de alimentos subirem substancialmente, transferir renda para brasileiros vulneráveis, de baixa renda.
Essa transferência de renda poderia compensar o maior custo de alimentação.
O leitor pode questionar: e se esses brasileiros gastarem a renda com apostas online, bebidas e garotas/garotos de programa?
Os mais liberais podem dizer: que assim seja! Ele fez sua escolha.
Eu digo que ainda assim vale a pena transferir o dinheiro, pois muitos brasileiros o usariam para se protegerem do maior custo de alimentação.
O governo poderia informar que essas transferências são principalmente para compensar a perda de poder de compra - talvez ajude.
De toda forma, o artigo mostra como o cenário internacional nos afeta, ainda que não sejamos protagonistas de nenhum desses eventos.
O artigo pode ser visto aqui.
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