Ciclos Econômicos podem ser vulneráveis ao lítio, usado em baterias
Seguindo a estratégia do ano anterior, estipulei a meta de publicar 10 artigos em revistas internacionais, com 4 sendo de nível A1, o nível mais alto de publicação (estou repetindo a meta do ano de 2024). Neste mês recebi a feliz notícia de minha primeira publicação de 2025, na prestigiosa revista Resources Policy, de nível A1, com fator de impacto de 10 (quantidade de vezes que o artigo é citado em 1 ano). No geral, revistas com fator de impacto acima de 3 são consideradas de alto impacto. Portanto, foi uma ótima publicação. O artigo é Minerais Críticos: Uma nova fonte de flutuação macroeconômica? (Critical minerals: A new source of macroeconomic fluctuation?). O artigo está aqui.
A proposta do artigo é avaliar se choques nos preços de minerais críticos (lítio, níquel, cobalto e terra rara) poderiam afetar o ciclo econômico. Sabemos que choques no preço do petróleo, no preço de commodities e mudanças climáticas causam efeitos no ciclo econômico, mas não sabemos sobre minerais críticos. Desta forma, o estudo teve a importante contribuição de fazer essa análise.
Note que os minerais críticos são os insumos para construir baterias, placas solares e veículos elétricos, ou seja, são essenciais para a transição energética. Se a economia global caminha para adotar fontes renováveis de energia, então minerais críticos passarão a ser ainda mais importantes. Logo, os seus preços podem se tornar parâmetros para compreender o ciclo econômico.
A figura abaixo mostra o efeito do aumento do preço do lítio e as respostas das inflações da Ásia, China, Europa, América Latina, países europeus que não usam o Euro e os Estados Unidos. Em todos os casos, os preços sobem. Portanto, há evidência de que choques no lítio podem desencadear processos inflacionários em diferentes países (não mostrarei todos os choques por conta de espaço).
A próxima figura mostra o impacto de um choque no preço do cobalto e as repostas dos mercados de ações. Note que os mercados de ações chinês, europeu e latino decrescem, sinalizando recessões futuras. Consequentemente, é mais evidência de relação entre o preço de minerais críticos e o ciclo econômico.
No geral, eu encontrei que choques principalmente no lítio e no cobalto provocam recessões com inflação crescente (a famosa estagflação). O lítio é muito usado em baterias de carros elétricos. Portanto, não é pura coincidência que o lítio tenha se destacado entre os minerais críticos.
Assim, eu concluí que a resposta é positiva: minerais críticos têm potencial para se tornarem uma nova fonte de flutuação macroeconômica, com alta probabilidade de gerar estagflações, afetando mercados financeiros, preços e o PIB de economias.
Atualmente a China tem corrido na aquisição de minas para extrair minerais críticos, se tornando o principal país produtor de minerais críticos. Veja também que a China é a maior produtora de eletricidade do planeta, com ampla vantagem na produção de veículos elétricos. Se o futuro é baseado na produção de energia renovável, a China já está se posicionando para tomar frente nesta trajetória. Eu mostrei que esses desdobramentos impactarão o ambiente macroeconômico e, por consequência, nossas vidas.
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