sexta-feira, 25 de abril de 2025

Tarifas e Canais de Transmissão

Tarifas empobrecerão os Estados Unidos

trump estados unidos


Sem grandes surpresas (talvez somente para Donald Trump e o seu conselheiro em matérias de comércio internacional), o banco central dos EUA, o Fed, alertou que poderá subir a taxa de juros em caso de aumento da inflação nacional promovido pelas tarifas aduaneiras. Esse tipo de anúncio nunca é desejado por nenhum presidente pois implica em redução da atividade produtiva e, portanto, na criação de empregos e na renda da população. Não é uma medida popular. 

Pela ótica do comércio internacional, o aumento das tarifas representa o encarecimento das importações, gerando maior inflação nacional (importados são computados no índice de preços). Outro canal que gera maiores preços é que muitas empresas importam para poder produzir. Assim como o banco central brasileiro, o Fed também tem compromisso com a estabilidade dos preços. As tarifas de Trump, portanto, como todo imposto criado e implementado, irá pressionar o custo de vida. O Fed terá de subir as taxas de juros.

A subida da taxa de juros de curto prazo (é a que os bancos centrais controlam) gera efeitos adicionais na economia (tecnicamente, na macroeconomia). A taxa de juros de longo prazo tenderá a subir, os mercados de ações podem perder valor (normalmente a lucratividade das empresas decresce com o aumento do custo de financiamento) e o mercado cambial irá flutuar. A subida da taxa de juros pelo Fed eleva o custo de crédito e de financiamento, desincentivando empresas a investir e consumidores a comprar bens duráveis como moradias e carros. A ideia é desacelerar e enfraquecer a demanda - assim empresários parariam de subir os preços e o aumento dos preços iria se estabilizar. Como se vê, o Fed pode gerar uma recessão ou somente uma queda da atividade econômica. Daí a insatisfação de presidentes com subidas de taxas de juros pelos bancos centrais. 

Todavia, essa dinâmica abre oportunidades para investidores. A subida das taxas de juros pode elevar o rendimento de ativos de renda fixa, ao passo que as quedas dos mercados de ações e as flutuações dos mercados cambiais geram janelas para ganhos rápidos (flutuações na macroeconomia normalmente geram potenciais para ganhos monetários). 

Continuando na dinâmica da subida da taxa de juros pelo banco central, os efeitos não param nos mercados financeiros. Na verdade, esses mercados (de crédito, cambial e de ações) transmitem a política monetária do banco central para os mercados de bens (produção) e de trabalho. A produção (PIB) tenderá a desacelerar bem como a criação de vagas. Logo, aumentos salariais serão mais restritos. Como disse, nada de popular com o eleitorado. 

Obviamente que alguns setores não sofrerão esses efeitos, como os setores diretamente protegidos pelas tarifas, como os setores de aço dos Estados Unidos. Esses podem se expandir em virtude do protecionismo. Mas no geral, o resultado tenderá a ser negativo para a economia do país. Como os historiadores econômicos mostram, países que se tornam ricos e prósperos engajam no comércio internacional ao invés de se fecharem a ele. EUA continuam seguindo direção contrária aos seus próprios objetivos.

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