Em termos econômicos, a resposta é não
Em um de seus livros (não me recordo qual exatamente), Nietzsche caçoa dos políticos que defendiam a redução do gasto militar. O filósofo dizia que essas pessoas não conheciam muito bem a humanidade.
Para Nietzsche, temos um viés, uma inclinação para a guerra.
Freud dizia o mesmo. Temos um mal estar por não podermos exercer violência. Somos freados pela sociedade e suas regras.
E esse é um dos vários pontos controversos de Nietzsche: ele adorava e defendia conflitos e guerras (o próprio participou de um conflito em vida).
De fato, recentemente a OTAN decidiu dobrar o gasto militar em proporção com o PIB, em claro aceno aos EUA. Era um dos pontos que Donald Trump criticava abertamente os países europeus: por que os EUA são os que mais gastam e investem em armamentos que auxiliam a OTAN?
Cobrança justa.
Foi aceita.
Ponto para Trump e para Nietzsche.
Trump se reuniu recentemente com Vladimir Putin e vai se reunir com o líder ucraniano, Zelensky. O conflito (desnecessário) entre a Rússia e a Ucrânia representou a morte de aproximadamente 250 mil russos.
Pessoas, denotadas como mão de obra na economia, são o principal componente para que países produzam, gerem riquezas e se tornem ricos. É um erro afirmar que a guerra ajuda a humanidade.
A Segunda Guerra Mundial, por exemplo, empobreceu vários países. Claro, eles se recuperaram posteriormente, mas existiu o custo humano e econômico.
Para afirmar que a guerra ajuda países a ficarem ricos, deve-se analisar dois cenários: o sem a guerra e o com a guerra. E comparar as projeções.
É um exercício difícil, pois há de supor um cenário que não existiu (sem a guerra).
De toda forma, não considero Putin um ótimo estrategista. Até agora, a Rússia tem sofrido com o avançar da guerra.
A OTAN se fortaleceu com a guerra, investindo mais em armamento. Logo, possíveis rivais da Rússia se tonaram mais fortes.
E que fique claro, o desvio de verba pública da educação, segurança, investimento em pesquisa e tecnologia e saúde para o gasto militar reduz a produção, a produtividade e o crescimento econômico.
Educação, saúde, segurança e tecnologia são externalidades: os seus efeitos perpassam a esfera econômica, elevando o bem estar do país.
Tenho um texto que discute esse efeito aqui.
Um exemplo. Lembra da pandemia da Covid-19? Imagine dois cenários. O primeiro, com toda a população rapidamente vacinada. O outro, com várias pessoas e políticos barrando a vacinação. Qual cenário geraria o pior resultado?
Ora, questão fácil! Sabemos bem disso - vivemos muito disso!
Com todos vacinados, a pandemia é rapidamente contida. Não há atraso na produção e se reduz o número de mortes. Não há infectados que possam alastrar o vírus.
Daí a "externalidade": o efeito da saúde beneficia tanto a saúde da população quanto a economia.
Outro problema é que guerras interrompem o comércio internacional, destroem a infraestrutura, dizimam o capital produtivo (máquinas, equipamentos, prédios) e, como adiantado, matam mão de obra. Todos fatores que contribuem para o crescimento econômico.
Tudo junto e somado, podemos compreender o lado negativo de guerras.
Ao reduzir o gasto em áreas com externalidade para a área militar, governos estão reduzindo o crescimento econômico futuro.
Além, é claro, de dizer sem usar palavras: "Rússia, estamos nos preparando para te combater".
Ou, com mais otimismo, os países da OTAN estão se armando para assustar a Rússia e mostrar para ela que um conflito armado com o bloco não seria interessante, pois ela estaria enfraquecida em comparação com a OTAN.
Seria uma estratégia de mostrar força mas sem entrar nos finalmentes.
Vamos ver.
O único resultado de tudo isso é a queda do crescimento econômico.
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