Resenha: O Homem Mais Rico da Babilônia (George S. Clason)

Usufruindo de princípios financeiros milenares 

O Homem Mais Rico da Babilônia é um livro sobre educação financeira. Como o próprio título indica, a obra se passa na Babilônia, antiga cidade da Mesopotâmia (hoje Iraque), por volta dos anos de 1700 antes de Cristo. O interessante é que as lições de como manusear o nosso dinheiro não envelheceram: os princípios usados pelos babilônios, em especial do mais rico deles (Arkad), são os mesmos que poderíamos aplicar hoje. 

Dito isso, o objetivo da obra é apresentar princípios financeiros que o homem mais rico da Babilônia seguiu para se tornar rico e próspero. Um diferencial é que as lições são narradas como parábolas, muito parecido com a escrita da bíblia. Dessas parábolas e narrativas temos as lições e as apresentações dos princípios (acredito que esse tipo de técnica faz com que o aprendizado seja mais natural e mais prazeroso - as estórias são sempre boas e interessantes; gostei muito dos diálogos entre os babilônios). 

O livro nos fornece as 7 curas para rendimentos minguantes:

1) Poupe 10% de toda a sua renda

2) Controle sua despesa

3) Invista sua poupança para que ela gere renda adicional

4) Evite perder o seu investimento em empreendimentos muito arriscados

5) Possua sua casa 

6) Construa um patrimônio para quando se tornar velho

7) Melhore suas habilidades profissionais para aumentar o seu rendimento. 

Veja que não há nada de muito inovador nessas dicas. Praticamente todo livro de educação financeira irá expor variações dessas regrinhas. Mas a forma como ela nos é dada! Flui muito naturalmente essas recomendações - na verdade, agora que estou escrevendo essa resenha, o livro parece um romance com notas de educação financeira. Arranjo muito bem feito. 

Vou destacar o ponto 2, que diz para controlarmos nossas despesas. Conforme nossa renda suba, sempre temos a tentação de gastar mais (isso nunca foi diferente na história da humanidade). Nossos desejos sempre se expandem - se tentarmos saciá-los, outros desejos irão aparecer. Assim, temos de protestar contra esses desejos, caso contrário nossa renda será sugada por eles. E no final, tendo saciado tantos desejos, estaremos satisfeitos? Não, provavelmente não. 

O ponto 5 segue recomendação contrária a de muitos analistas. Como o livro foi escrito em 1926, a dinâmica do mercado imobiliário era diferente da atual. Hoje convivemos com preços muito elevados de moradias. Eu recomendo que essa decisão seja muito bem pensada - cada caso é um caso. Mas lembre-se de que, se tiver de mudar de residência, a liquidez (facilidade de vendê-la e obter o capital investido) de uma casa é baixíssima. 

"Homens de ação são favorecidos pela deusa da boa sorte". Ação, evitar a procrastinação; tão logo uma oportunidade compatível com o seu objetivo apareça, não hesite - lute e vá nela. Sonhos e objetivos desprovidos de ação, trabalho e movimento não costumam se concretizar. Temos de continuar na labuta - ainda que nada concreto nos seja dado. Às vezes, temos apenas que continuar. 

"Onde Está a Determinação, o Caminho Pode ser Encontrado". Eu gosto muito dessas frases em tons bíblicos! (apesar de eu não ser religioso, eu as aprecio). Novamente, o livro recomenda que continuemos lutando e batalhando. Na verdade, grande parte da obra pode ser resumida em manter nossa disposição para nossos objetivos (e como gosto de acompanhar entrevistas e depoimentos de pessoas que conseguiram atingir os seus objetivos, parece que não é tão diferente o que fizeram para lograr sucesso). O segredo é ir para cima da meta estabelecida.  

Na parte final, na que talvez seja a parábola mais bonita de todo o livro, o valor do trabalho é apresentado. Trabalhemos, mesmo quando a recompensa é pequena (ou inexistente). Quando trabalhar, que coloquemos nosso melhor esforço para gerar o melhor resultado - a sorte ou a oportunidade costumam aparecer para trabalhadores esforçados. O trabalho pode até mesmo virar uma fonte de satisfação pessoal, ajudando a ter uma vida feliz. A obra A Triste (Saad) Verdade sobre a Felicidade: 8 Segredos para Levar uma Vida Boa, mostra que a nossa profissão e o cônjuge que temos são as principais fontes de felicidade (ou infelicidade!) em nossas vidas. A explicação? Porque passaremos a maior parte de nossa vida tanto com nosso trabalho quanto com o nosso par romântico (a resenha desse livro está aqui).  

O livro O Homem Mais Rico da Babilônia é curto, com cerca de 100 páginas - mas quanta profundidade nestas poucas páginas! Pode ser porque eu ainda estou empolgado com a sua leitura e a forma pela qual o livro foi escrito, mas o considero o melhor livro de educação financeira que já li. A obra foi feliz em conciliar uma leitura leve e prazerosa com a apresentação de conhecimento sólido. Além das dicas de finanças, o livro oferece conselhos filosóficos que podemos levar para o resto de nossas vidas, tudo contado com estórias e parábolas interessantes, que puxam a nossa atenção. 

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