quarta-feira, 8 de março de 2023

Viés Gastador Continua Firme e Forte

Lula e o populismo fiscal

conta imposto


O presidente Lula escolheu o dia internacional das mulheres para anunciar algumas medidas em prol das mulheres, como a distribuição gratuita de absorventes pelo SUS. Lula também sinalizou que irá reajustar os salários dos servidores nos próximos meses - alguns servidores estão sem reajustes desde 2017, portanto, com grande queda de poder de compra por conta da inflação acumulada nestes anos. 

Lula elevou o valor das bolsas de pesquisa, como as de mestrado e doutorado, as quais estavam sem reajustes há quase 10 anos. Outras promessas incluem reduzir o imposto de renda. O presidente foi contra a volta da tributação sobre a gasolina - mas a visão do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, prevaleceu, e os impostos voltaram.

Meu ponto é: todas essas medidas são meritórias. De fato, muitas mulheres sofrem pela falta de absorventes (além de outros bens - consequência de um país muito desigual e de renda média). Os servidores precisam recompor as perdas inflacionárias (exceto aqueles servidores com salários desconectados da realidade do país, como os juízes). As bolsas de pesquisa mereciam reajustes - o país tem perdido vários pesquisadores por causa da falta de incentivo monetário para avançar nas pesquisas. Todo país rico e desenvolvido tem vasto exército de pesquisadores. E todos brasileiros pagam muitos impostos, os quais prejudicam desproporcionalmente os mais pobres. Minha crítica não repousa no mérito desses itens, mas na ausência de medidas para sustentar tais políticas. Como serão pagas essas despesas? O Partido dos Trabalhadores (PT) e Lula parecem não ter mudado ao longo do tempo.

A derrocada do PT em 2015, em meio a fortíssima crise fiscal - criada, alimentada e gerada pelo próprio PT -, não parece ter passado por um exame de auto reflexão. Ainda estamos vivendo os efeitos dessa crise, com alta dívida pública e  dificuldade de equilibrar os gastos públicos com as receitas. Lula não parece nem um pouco disposto a discutir medidas para equilibrar essas contas. Tenho a impressão que o presidente compartilha a visão de sua sucessora em 2011, Dilma Rousseff, de que "gasto é vida" - uma infeliz frase que resume bem a tragédia petista. Portanto, enquanto é válido criar programas públicos que melhorem problemas sociais e econômicos, torna-se necessário também criar contrapartidas para financiar tais programas. Cedo ou tarde o PT terá que mostrar como essa conta será paga.





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