Quatro anos de luta, estudo, e conquistas
No final de fevereiro deste ano eu terminei mais uma etapa de minha vida acadêmica: me tornei doutor em teoria econômica. Iniciei o doutorado na USP em janeiro de 2019, com dois meses de seguidas aulas para nivelar os alunos ingressantes. Em seguida, em março, iniciei as disciplinas obrigatórias, a parte mais árdua do curso, na qual alunos optam por desistir do curso (ou são convidados a abandonar o curso). O primeiro ano geralmente é o mais pesado nas pós-graduações de economia. Por exemplo, minha turma de doutorado iniciou com 7 alunos. Logo no primeiro ano, sobraram apenas eu e outro colega (como perdi contato com ele, não sei se ele concluiu o curso).
Após as disciplinas obrigatórias e eletivas, o foco passou a ser a escrita da tese. Dessa forma, a divisão do doutorado foi de 2 anos de disciplinas e 2 anos escrevendo a tese. "Escrever" não denota de forma muito precisa porque passei a maior parte do tempo rodando modelos estatísticos, em particular, o GVAR (Global VAR). Levei aproximadamente 1 ano e meio para dominar os detalhes desta técnica.
Minha tese foi composta por 5 artigos, com o tema central sendo a Estagnação Secular. De forma resumida, no capítulo 1 eu analisei os principais fatores que geraram a estagnação secular nos Estados Unidos (EUA), na Zona do Euro e no Japão. No capítulo 2, eu defendi a hipótese de que criar novas ideias está cada vez mais difícil, e que essa dificuldade de inovar seria fator adicional na explicação da estagnação secular. No capítulo 3, eu verifiquei se economias emergentes e em desenvolvimento sofrem impactos negativos da estagnação secular. Os capítulos 4 e 5 investigaram a eficácia de políticas fiscal e monetária para contrabalancear a estagnação secular.
Não entrarei em detalhes da tese porque irei publicar cada um desses artigos em revistas científicas - um processo que pode levar facilmente 5 anos para ser concluído (sim, na vida acadêmica, quase tudo ocorre de forma lenta; a paciência e a persistência têm que reinar). Conforme forem publicados, irei escrever textos neste blog dando maiores detalhes, assim como fiz com minha publicação na Energy Economics (texto está aqui).
A regra da USP consiste em montar uma banca para avaliar a tese composta por 3 professores mais o orientador, sendo que este último não tem direito a voto. Em outras palavras, são os 3 professores que irão decidir pela aprovação do trabalho.
Os 3 professores foram João Ricardo Faria, professor da universidade da Flórida, Sérgio Kannebley, professor da USP de Ribeirão Preto, e David Rubin, professor da USP de São Paulo, capital. Este último foi meu professor durante o primeiro ano de USP. Meu orientador, Mauro Rodrigues, também coautor do artigo que publiquei (publicamos) na Energy Economics, lecionou macroeconomia no primeiro semestre de 2019. Felizmente tudo correu bem, e hoje sou doutor.
A vida acadêmica não para após a conclusão do doutorado. Por exemplo, eu e Mauro iremos publicar os artigos da tese; eu e Jocka (e possivelmente com Mauro) avançaremos na pesquisa relacionando macroeconomia com impacto ambiental; além de outras parcerias que tenho atualmente. O sucesso dessas empreitadas farão com que essa seção do blog, Academia, ganhe novos artigos.
No melhor dos mundos, o doutorado funciona para melhorar o conhecimento científico dos alunos. Uma vez que se tornam doutores, podem aplicá-los tanto na academia quanto no setor privado.
Minha próxima etapa é retornar para a Universidade Federal de Ouro Preto, voltando a lecionar disciplinas de macroeconomia, a área mais legal (e controversa) da Ciência Econômica - os microeconomistas possivelmente irão discordar. No fronte da pesquisa, darei continuidade ao que desenvolvi no doutorado, usando as técnicas de estimação (econometria) para avançar nos meus projetos.
Parabéns professor! Tanto pelo título individual como pela contribuição à ciência e divulgação científica. Por mais Luccas no mundo :)
ResponderExcluirMuito obrigado Marcus!
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