quarta-feira, 8 de março de 2023

Eu, doutor

Quatro anos de luta, estudo, e conquistas

estagnação secular


No final de fevereiro deste ano eu terminei mais uma etapa de minha vida acadêmica: me tornei doutor em teoria econômica. Iniciei o doutorado na USP em janeiro de 2019, com dois meses de seguidas aulas para nivelar os alunos ingressantes. Em seguida, em março, iniciei as disciplinas obrigatórias, a parte mais árdua do curso, na qual alunos optam por desistir do curso (ou são convidados a abandonar o curso). O primeiro ano geralmente é o mais pesado nas pós-graduações de economia. Por exemplo, minha turma de doutorado iniciou com 7 alunos. Logo no primeiro ano, sobraram apenas eu e outro colega (como perdi contato com ele, não sei se ele concluiu o curso).

Após as disciplinas obrigatórias e eletivas, o foco passou a ser a escrita da tese. Dessa forma, a divisão do doutorado foi de 2 anos de disciplinas e 2 anos escrevendo a tese. "Escrever" não denota de forma muito precisa porque passei a maior parte do tempo rodando modelos estatísticos, em particular, o GVAR (Global VAR). Levei aproximadamente 1 ano e meio para dominar os detalhes desta técnica. 

Minha tese foi composta por 5 artigos, com o tema central sendo a Estagnação Secular. De forma resumida, no capítulo 1 eu analisei os principais fatores que geraram a estagnação secular nos Estados Unidos (EUA), na Zona do Euro e no Japão. No capítulo 2, eu defendi a hipótese de que criar novas ideias está cada vez mais difícil, e que essa dificuldade de inovar seria fator adicional na explicação da estagnação secular. No capítulo 3, eu verifiquei se economias emergentes e em desenvolvimento sofrem impactos negativos da estagnação secular. Os capítulos 4 e 5 investigaram a eficácia de políticas fiscal e monetária para contrabalancear a estagnação secular. 

Não entrarei em detalhes da tese porque irei publicar cada um desses artigos em revistas científicas - um processo que pode levar facilmente 5 anos para ser concluído (sim, na vida acadêmica, quase tudo ocorre de forma lenta; a paciência e a persistência têm que reinar). Conforme forem publicados, irei escrever textos neste blog dando maiores detalhes, assim como fiz com minha publicação na Energy Economics (texto está aqui). 

A regra da USP consiste em montar uma banca para avaliar a tese composta por 3 professores mais o orientador, sendo que este último não tem direito a voto. Em outras palavras, são os 3 professores que irão decidir pela aprovação do trabalho. 

Os 3 professores foram João Ricardo Faria, professor da universidade da Flórida, Sérgio Kannebley, professor da USP de Ribeirão Preto, e David Rubin, professor da USP de São Paulo, capital. Este último foi meu professor durante o primeiro ano de USP. Meu orientador, Mauro Rodrigues, também coautor do artigo que publiquei (publicamos) na Energy Economics, lecionou macroeconomia no primeiro semestre de 2019. Felizmente tudo correu bem, e hoje sou doutor. 

A vida acadêmica não para após a conclusão do doutorado. Por exemplo, eu e Mauro iremos publicar os artigos da tese; eu e Jocka (e possivelmente com Mauro) avançaremos na pesquisa relacionando macroeconomia com impacto ambiental; além de outras parcerias que tenho atualmente. O sucesso dessas empreitadas farão com que essa seção do blog, Academia, ganhe novos artigos.

No melhor dos mundos, o doutorado funciona para melhorar o conhecimento científico dos alunos. Uma vez que se tornam doutores, podem aplicá-los tanto na academia quanto no setor privado. 

Minha próxima etapa é retornar para a Universidade Federal de Ouro Preto, voltando a lecionar disciplinas de macroeconomia, a área mais legal (e controversa) da Ciência Econômica - os microeconomistas possivelmente irão discordar. No fronte da pesquisa, darei continuidade ao que desenvolvi no doutorado, usando as técnicas de estimação (econometria) para avançar nos meus projetos. 





2 comentários:

  1. Parabéns professor! Tanto pelo título individual como pela contribuição à ciência e divulgação científica. Por mais Luccas no mundo :)

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