quarta-feira, 7 de junho de 2023

Mais um Equívoco para o Currículo de Lula

Fez-se o que o chefe pediu - legaremos as consequências no futuro próximo

banco central


Finalmente, o (infeliz) programa que barateia carros populares foi lançado. Como toda política populista, não resolverá os problemas estruturais da economia e tampouco o fato de vivermos em um país no qual automóveis são caríssimos. O destino deste programa será produzir efeitos de curto prazo, beneficiando alguns e prejudicando outros. Como alertei em texto anterior, dado o estado delicado das contas públicas, aumentos de impostos deveriam ser realizados para balancear o barateamento dos carros. Parece que este será o caso. Há indícios de que o preço do diesel subirá por conta de acréscimos de impostos. Essa bagunça me lembrou meus tempos de criança, quando minha mãe me dizia: "o que começou errado vai terminar errado".

A economia brasileira é dependente do transporte rodoviário. Logo, o preço do diesel desempenha importante função nos custos de transporte, os quais são repassados para os consumidores, nós. Dessa forma, o aumento da tributação no diesel tem potencial de repicar em preços mais elevados nos supermercados. Novamente, nada de novo, considerando uma política desprovida de adequada formulação e coerência. 

Essas trapalhadas no esfera fiscal prejudicam o serviço do banco central em estabilizar os preços. O gasto público é um dos principais componentes da demanda agregada, a qual contribui para que tenhamos preços elevados. Se o gasto do governo se eleva, é pressão adicional na demanda. O banco central, por sua vez, utiliza a taxa de juros para forçar a queda da demanda agregada. No melhor cenário, o governo brasileiro faria o ajuste fiscal, retirando pressão sobre os preços, possibilitando que o banco central reduzisse a taxa de juros para patamares inferiores - também com maior celeridade. Mas também este não é o caso.

Conversando com algumas pessoas no dia a dia (não economistas), a maioria comprou o discurso do presidente Lula, de que o presidente do banco central, Roberto Campos, está atuando de forma contrária ao interesse do povo brasileiro. É trocar os personagens! Como exemplifica esse programa do carro popular, Lula termina por prejudicar justamente aqueles que almejava beneficiar. A piora das contas públicas dificulta ainda mais a tarefa do banco central em reduzir as taxas de juros. Desta forma, é Roberto Campos quem trabalha em prol do povo brasileiro. Quem vivenciou os anos anteriores ao Plano Real conhecem bem o lado pernicioso da inflação. Preços crescentes penalizam os mais pobres. O banco central, portanto, presta grande serviço ao vigiar o comportamento destes preços. Preços estáveis são indispensáveis para o sucesso de quaisquer programas sociais. A população brasileira precisa melhorar muito ainda o seu conhecimento de relações econômicas para evitar de cair em discursos populistas. 









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