12 Regras para lidar com dificuldades e durezas, e talvez se sobressair
Jordan Peterson é um dos psicólogos mais famosos do mundo. Além de possuir um canal no Youtube com milhões de seguidores, escreveu o best seller 12 Regras Para a Vida: Um Antídoto Para o Caos (em breve irei liberar a resenha deste). Além da Ordem: Mais 12 Regras para a Vida segue o estilo do livro passado. É uma continuação para aqueles que, de alguma forma, conseguiram lidar com momentos conturbados em suas vidas. Como o próprio autor nos diz, o primeiro livro é para nos auxiliar em momentos críticos, enquanto o segundo funciona melhor durante momentos mais calmos. Todavia, independentemente de como estejamos durante a leitura, ou o que almejamos com a leitura, as duas obras nos atenderão, pois ambas abarcam temas abrangentes e se propõem a fornecer diretrizes/dicas/princípios para nossas vidas.
Peterson recomenda que tenhamos um pé na ordem (previsibilidade, certeza) e outro no caos (incerteza, risco). Quando tentamos algo novo, estamos tomando riscos. Mas esses riscos podem ser controlados. Daí a importância de uma estrutura familiar e social, de possuir uma vida adequada, com rotina e trabalho, e outros suportes. Essa parte é a ordem. É o que sabemos. Estamos acostumados. Crave um pé nesta estrutura. A outra é o incerto, o que desejamos, o que nos surpreende. É o caos. O livro, portanto, é um aparato de regras para conseguirmos nos equilibrar nesses dois abismos, mantendo nossa saúde mental (e física), sem nos perdermos no meio do caminho.
Vou discutir regras parecidas para não deixar essa resenha muito grande. As regras 1 e 6 nos dizem para respeitarmos as atuais instituições, no sentido abrangente do termo. As instituições, a cultura, e as tradições formam a ordem, o conhecido. Elas fornecem mapas conhecidos e esperados de como podemos atuar para avançar. Portanto, funcionam como âncoras. Obviamente que as atuais instituições se tornarão defasadas com o tempo. Aqui Peterson recomenda paciência e cuidadosa análise antes de tentarmos revirar todo o quadro institucional de cabeça para baixo – implicitamente ele critica o socialismo, regime que almejou alterar drasticamente o funcionamento de economias e países, culminando na morte de milhões de pessoas.
Jordan Peterson tem um lado político que gera controvérsias. Na minha opinião, é uma de suas fraquezas. Não por conta de suas conclusões – algumas estão corretíssimas, como o caráter genocida do socialismo, tão ignorado em alguns campos de estudo no país (leia-se departamentos de universidades). Mas principalmente por conta de seus argumentos, os quais são em geral rasos, pouco acrescentando nesse debate. Há quem diga que Peterson entra nessa encruzilhada para ganhar maior audiência, elevar o número de seguidores.
As regras 2, 4 e 7 são uma das principais marcas do autor, com diversos vídeos no Youtube fazendo recortes para gerar conteúdos motivacionais. Essas regras nos dizem para termos um objetivo claro, mirá-lo com força, intensidade e coragem. Deveríamos, uma vez identificado esse objetivo, colocá-lo como uma meta que mereça nossa atenção e dedicação. Que de alguma forma nos ajude a melhorarmos como pessoa. Podemos descobrir um lado lutador e perseverante que possuímos. E se você quiser impor maior fardo em sua vida? Talvez isso gere novas perspectivas. De mãos dadas com esse objetivo deve coexistir um profundo autoconhecimento, para que saibamos identificar o que desejamos.
As regras 3, 5 e 8 argumentam para que sejamos honestos conosco. Deveríamos evitar de fazer o que odiamos ou não desejamos. Também seria salutar não esconder aquela sensação, pensamento ou mesmo fato indesejado. Podemos expô-lo, estudá-lo, e quem sabe superá-lo com o tempo. Mas é preciso, em primeiro lugar, identificá-lo. E aqui precisamos de ter coragem, pois o que será revelado muito provavelmente não será bonito, sobre nós mesmos.
Esse processo pode fazer com que pensemos que não sejamos seres dignos de coisas positivas – pois quantos pensamentos de violência e revanche não nutrimos, ou mesmo atos infelizes que geraram mal estar em outros. O estudo de como somos deve ser equilibrado com o pensamento de que somos seres que merecemos ser bem tratados e respeitados, como se fôssemos pessoas dignas (essa é uma das regras do livro passado).
A regra 9 recomenda que escrevamos memórias e pensamentos que nos incomodam. De preferência, de forma completa. Peterson argumenta que esse artifício nos ajuda a construir um mapa de significados. Iremos entender melhor o que sentimos, a relação com essa memória, e o que podemos fazer.
(Posso dizer que essa regra 9 funciona – pelo menos funcionou comigo; também tenho seguido outra, recomendada pela psicóloga Julie Smith (outra resenha que irei liberar em breve), a de escrever, todos os dias, razões para termos gratidão. Essa gratidão pode ser com coisas pequenas, como o café que tomamos de tarde no intervalo do trabalho. Isso ajudaria nosso cérebro a localizar esses momentos e a relacioná-los com melhores sensações (de novo, funcionou comigo!). Esse pessoal da psicologia cria métodos simples para resultados muito satisfatórios. Ponto para eles).
A regra 10 recomenda que lutemos para manter o romance em nossos relacionamentos amorosos - como atualmente estou sem um par romântico, não irei aprofundar nessa regra (mas eu concordo e apoio essa recomendação). A regra 11 recomenda que não sejamos ressentidos, arrogantes e falsos. A vida nos dará vários motivos para sermos essas três coisas, mas se focarmos em melhorar nossas vidas, haverá pouco espaço e energia para praticar o ressentimento, a arrogância, e a falsidade – aqui eu senti uma dose religiosa de Jordan Peterson ao defender esse tipo de postura. Há quem diga que a moral foi inventada (Nietzsche). É um ponto controverso. Todavia, a argumentação de Peterson faz sentido. E mesmo que você não seja religioso (eu não sou), acredito que temos a ganhar ao não virarmos uma pessoa com esses atributos (estou no time dos que acreditam que se focarmos em melhorar nós próprios, daremos menor importância para conflitos passados).
A última regra recomenda que sejamos gratos apesar de nossos sofrimentos. O próprio Peterson é um sofredor, como ele próprio nos deixa saber em seus vídeos. Talvez isso ajude a entender o seu enorme público. O seu livro também se aplica ao seu autor! Todos passamos (e continuaremos a passar) por momentos delicados, tristes, difíceis, os quais exigirão coragem para seguirmos, para continuar. Apesar dessa carga e das dificuldades, deveríamos ser gratos pelas nossas conquistas, amizades, suporte, e mesmo derrotas! – elas nos ajudam a construir nossa estrada.
Finalizo a resenha com uma excelente citação do autor: “É inacreditável como as pessoas podem se tornar fortes e corajosas” (It is unbelievable how strong and courageous people can become).
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