terça-feira, 13 de agosto de 2024

"O Mundo Sempre Foi um Lugar Estranho"

Conflitos perturbam o cenário externo 

brasil otan


A geopolítica segue conturbada nas últimas semanas. Na Venezuela, depois de muitos anos de leniência com a ditatura/opressão/perseguição/desrespeito com direitos humanos/ de Nicolás Maduro, finalmente a mídia brasileira conseguiu enxergar o óbvio: Maduro não é diferente de tantos outros líderes latinos que prometem combater a pobreza mas terminam oprimindo e piorando a vida justamente da população mais vulnerável. O caminho honroso para Maduro seria reconhecer a derrota nas eleições e entregar o poder. Mas há poucos elementos honrosos no governo Maduro.

Israel aguarda a revanche de Irã e do Hezbollah depois de vários ataques israelenses, alguns matando líderes importantes do Hamas e do Hezbollah. Aparentemente, Israel deseja prosseguir com a guerra, alargando-a regionalmente, com a inclusão de outros países. No final, a tendência é que todos envolvidos saiam perdendo – a guerra drena recursos, incluindo o principal insumo produtivo, o capital humano, o trabalhador qualificado, que irá para guerra, possivelmente se tornando uma estatística de óbito.

A Ucrânia surpreendeu a Rússia e realizou uma invasão no território russo. Até o momento presente com sucesso. Se não fosse o auxílio da OTAN, principalmente as transferências monetárias advindas dos Estados Unidos, a Ucrânia teria perdido a guerra rapidamente. É uma espécie de guerra fria: potências ocidentais se envolvem apenas indiretamente no conflito.

Jovens da Rússia, Ucrânia, Israel e de países europeus se mostram reticentes em fazer parte da força militar e entrar na guerra. Não acho que eles estão errados. Há analistas que interpretam essa resistência pelo baixo preço do lazer e o aumento de horas para usufruir desse lazer. Será? Talvez o maior acesso a informação e educação mostre a esses jovens que todas essas guerras poderiam ter sido evitadas. A Rússia não precisava invadir a Ucrânia e Israel não precisava prolongar os ataques em Gaza.

Sobre Israel, não tenho dificuldade em afirmar que Israel promove um genocídio de muçulmanos. Assim como escrevo sem problemas e afirmo que Cuba foi saqueada pela família Castro (além de ter sido uma ditadura que oprimia sua população por muitos anos), a China é uma ditadura que persegue minorias e a Venezuela é outra ditatura, sem traços de democracia. Tenho colegas militantes de esquerda que não aceitam essas afirmações. Talvez prefiram abrir mão da lucidez para continuar fazendo parte do grupo militante no qual pertencem?

Hoje um colega de trabalho me falou que o “mundo sempre foi um lugar estranho”. Sim, os acontecimentos não estão muito longe disso. E se o estranho tenha sido os anos com ausência de conflitos armados em grande escala? Talvez Freud esteja certo quando disse que nós humanos temos uma propensão à violência, e que a sociedade reprima esse desejo.

Aqui no Brasil, o maior problema econômico continua sendo a área fiscal. Não acho que Lula e o PT irão resolver essa questão. O próximo governante terá de lidar com as contas públicas. Desde 2015 a ausência de um ajuste fiscal tem pesado o futuro econômico do Brasil. Na economia, podemos ignorar problemas e desequilíbrios, mas eles sempre voltam, exigindo que um preço seja pago. A taxa de juros Selic está em dois dígitos, a taxa de câmbio estacionou em 5 reais por dólar, o PIB não cresce de forma acelerada e a criação de empregos com alta remuneração patina. Já tem um tempo que estamos pagando o preço da ausência de um ajuste fiscal estrutural. Neste texto cheio de “talvez”, termino com mais um: talvez a economia reflita a vida – erros do passado sempre cobram o seu preço no futuro, ainda que esqueçamos deles.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário