Conflitos perturbam o cenário externo
A geopolítica segue conturbada nas últimas semanas. Na Venezuela, depois de muitos anos de leniência com a ditatura/opressão/perseguição/desrespeito com direitos humanos/ de Nicolás Maduro, finalmente a mídia brasileira conseguiu enxergar o óbvio: Maduro não é diferente de tantos outros líderes latinos que prometem combater a pobreza mas terminam oprimindo e piorando a vida justamente da população mais vulnerável. O caminho honroso para Maduro seria reconhecer a derrota nas eleições e entregar o poder. Mas há poucos elementos honrosos no governo Maduro.
Israel
aguarda a revanche de Irã e do Hezbollah depois de vários ataques israelenses,
alguns matando líderes importantes do Hamas e do Hezbollah. Aparentemente, Israel
deseja prosseguir com a guerra, alargando-a regionalmente, com a inclusão de
outros países. No final, a tendência é que todos envolvidos saiam perdendo – a
guerra drena recursos, incluindo o principal insumo produtivo, o capital
humano, o trabalhador qualificado, que irá para guerra, possivelmente se
tornando uma estatística de óbito.
A Ucrânia
surpreendeu a Rússia e realizou uma invasão no território russo. Até o momento presente com sucesso. Se não fosse o auxílio da OTAN, principalmente as transferências
monetárias advindas dos Estados Unidos, a Ucrânia teria perdido a guerra
rapidamente. É uma espécie de guerra fria: potências ocidentais se envolvem
apenas indiretamente no conflito.
Jovens da
Rússia, Ucrânia, Israel e de países europeus se mostram reticentes em fazer
parte da força militar e entrar na guerra. Não acho que eles estão errados. Há
analistas que interpretam essa resistência pelo baixo preço do lazer e o
aumento de horas para usufruir desse lazer. Será? Talvez o maior acesso a
informação e educação mostre a esses jovens que todas essas guerras poderiam
ter sido evitadas. A Rússia não precisava invadir a Ucrânia e Israel não
precisava prolongar os ataques em Gaza.
Sobre
Israel, não tenho dificuldade em afirmar que Israel promove um genocídio de
muçulmanos. Assim como escrevo sem problemas e afirmo que Cuba foi saqueada
pela família Castro (além de ter sido uma ditadura que oprimia sua população por muitos anos), a China é
uma ditadura que persegue minorias e a Venezuela é outra ditatura, sem traços de democracia. Tenho colegas militantes de esquerda que não aceitam essas
afirmações. Talvez prefiram abrir mão da lucidez para continuar fazendo parte
do grupo militante no qual pertencem?
Hoje um
colega de trabalho me falou que o “mundo sempre foi um lugar estranho”. Sim, os
acontecimentos não estão muito longe disso. E se o estranho tenha sido os anos
com ausência de conflitos armados em grande escala? Talvez Freud esteja certo
quando disse que nós humanos temos uma propensão à violência, e que a sociedade
reprima esse desejo.
Aqui no
Brasil, o maior problema econômico continua sendo a área fiscal. Não acho que
Lula e o PT irão resolver essa questão. O próximo governante terá de lidar
com as contas públicas. Desde 2015 a ausência de um ajuste fiscal tem pesado o
futuro econômico do Brasil. Na economia, podemos ignorar problemas e
desequilíbrios, mas eles sempre voltam, exigindo que um preço seja pago. A taxa
de juros Selic está em dois dígitos, a taxa de câmbio estacionou em 5 reais por
dólar, o PIB não cresce de forma acelerada e a criação de empregos com alta
remuneração patina. Já tem um tempo que estamos pagando o preço da ausência de um
ajuste fiscal estrutural. Neste texto cheio de “talvez”, termino com mais um:
talvez a economia reflita a vida – erros do passado sempre cobram o seu preço
no futuro, ainda que esqueçamos deles.
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