sábado, 1 de fevereiro de 2025

Meu Burnout

Consequências de negligenciar a saúde mental

saúde mental



Em novembro de 2024, tive o primeiro burnout em minha vida. Burnout é um distúrbio emocional gerado pelo excesso de trabalho. Trabalhar trabalhar e trabalhar, com pouco repouso e poucas recompensas, sejam elas quais forem. Recompensas aqui eu colocaria como descansos prolongados e hobbies duradouros. De toda forma, foi algo novo para mim.

Meu caminho até o burnout (refletindo e escrevendo sobre ele, fica claro que eu estava destinado a tê-lo): eu estava completando quase 4 anos sem descansar nas férias e recessos. Eu considerava isso normal, pois o meu corpo estava aguentando sem problemas e sem acusar maiores preocupações. Normalmente os meus dias são equilibrados, com 8 horas de trabalho e estudo, com academia, leituras noturnas, tempo de séries e contato com amigos (nos finais de semana). Todavia, cometi dois erros. O primeiro foi não descansar nas férias. O segundo foi acumular funções e serviços adicionais sem necessidade. Assim, em novembro, tive o burnout - sem saber que o tinha. 

Comecei a acordar muito cansado e desanimado para fazer minhas atividades - o que é muito estranho, pois sou empolgado com quase tudo que envolve macroeconomia e pesquisa. As derrotas que tenho (a maioria de rejeições de artigos e projetos) começaram a pesar muito - e de novo, elas normalmente não me afetam, sou acostumado a elas. O meu sono piorou significativamente - eu dormia no máximo 2 ou 3 horas por noite. E também apareceu um buraco em minha barba. Era o corpo sinalizando que algo não estava correto. Obviamente que eu não percebi esse buraco na barba. Foi uma colega que apontou e me mostrou. 

Foi tudo muito estranho para mim, porque eu sempre gostei de acordar para trabalhar e estudar, gosto de enfrentar desafios (como tentar publicar em revistas famosas) e dia após dia me sinto revigorado com as metas que coloco e tento atingir. E isso tudo deixou de ocorrer! (De novo refletindo, suspeito que eu andava mais irritadiço nesse período, em especial com barulhos de vizinhos. E os barulhos eram normais, coisas naturais de quem mora em um apartamento). 

A vantagem de tudo isso é que, uma vez identificado o burnout (e diagnosticado), a solução não envolve muitos truques. Temos de desacelerar, descansar, pausar. Foi o que fiz no final de novembro e todo dezembro (o difícil é acelerar e ficar em ritmo acelerado). Não achei difícil desacelerar. 

Note que eu tinha uma vida equilibrada, com exercícios físicos, boa alimentação, estabilidade financeira e relações sociais. O problema foi o acúmulo de tarefas adicionais e a falta de férias por quase 4 anos (que ideia!). Enquanto escrevo, superei o burnout e tenho voltado ao normal. As lições ficaram. 

Quando conversei com a psiquiatra, ela não me passou nenhum remédio. E funcionou. O ajuste na rotina e na minha perspectiva de trabalho fariam o trabalho - como de fato fizeram. Voltei a dormir bem, acordo motivado (e sempre durmo animado com a perspectiva de trabalhar e estudar no dia seguinte), gosto das segundas-feiras (sempre gostei delas; marcam o início da semana e da busca de nossos objetivos) e não sinto nenhum esgotamento mental. Até mesmo as derrotas que acumulo ao longo das semanas voltaram a ser leves. Enfim, tudo terminou bem. E créditos para a psiquiatra que não tentou resolver a questão me dando remédios. 

Bom, fica aqui o meu relato. Neste ano de 2025, irei programar 4 semanas de descanso para permitir que minha cabeça descanse um pouco deste mundo frenético. Nada de tentar trabalhar e estudar sem férias por anos - e ainda se gabar de que corre tal (insustentável) maratona. 

Tem um vídeo muito didático sobre burnout feito pela doutora Julie Smith, autora do livro Por Que Ninguém me Disse Isso Antes? (resenha aqui). O vídeo está aqui abaixo:




ps: o buraco em minha barba ainda não se fechou. Estou usando minoxidil para ajudar. Mas talvez seja interessante deixá-lo por lá, para sempre me lembrar do risco de não colocar restrições ao meu corpo e negligenciar a saúde mental.









Nenhum comentário:

Postar um comentário