quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

Responsabilidade econômica e social

Sem responsabilidade econômica, combate às mazelas sociais se torna prejudicado

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Recentemente tive uma conversa amigável com pessoas de diferentes graduações. Como geralmente ocorre quando alguém me concede espaço, iniciamos a discutir políticas econômicas para melhorar a economia brasileira. Gosto da visão de outros profissionais porque me ajuda a ver outras abordagens para o mesmo problema. Também para evitar uma ênfase excessiva na economia como solução geral para o Brasil (no passado eu tinha essa visão simplista). 

No meio da discussão, ouvi a frase de que "economistas somente pensam em fazer a economia crescer e esquecem do indivíduo". Provavelmente essa sentença se deriva por conta da defesa de reformas estruturais, principalmente o ajustamento das contas públicas, e as críticas ao modelo atual de crescimento que não entrega aumento sustentável da produção, PIB, ao longo do tempo. 

É normal que exista uma confusão entre relacionar o ajuste do gasto público com o padrão de vida do brasileiro. Tenho discutido em alguns textos que grande parte da população interpreta a distribuição do gasto público como principal alavanca para a melhora da vida das pessoas. A construção de escolas e hospitais com verba pública contribui para essa percepção. Nestes casos, conseguimos visualizar facilmente a conversão do gasto público em bem público para proveito da população, ao passo que um ajuste fiscal, no curto prazo, existe somente em números e projeções de economistas. 

Respondi àquela sentença dizendo que "sem crescimento econômico, não há recursos fiscais para realizar políticas sociais que beneficiem famílias pobres". Um dos principais alicerces no combate à pobreza no Brasil, o programa Bolsa Família, chamado agora de Auxílio Brasil, não existiria em um quadro de fraco crescimento, ou existiria em nível inadequado para suprir as necessidades do país - ou ainda, causaria desequilíbrio nas contas públicas caso o presidente resolvesse implementá-lo na marra, sem recursos, como foi decidido prosseguir com o furo do teto do gasto por meio dos precatórios (uma verdadeira pedalada fiscal, mas legalmente implementada).

Nesse ponto, a discussão terminou com a conclusão de que é importante considerar a economia, embora ela não resolva todos nossos problemas. Um final amigável para todos.

O ponto é o mesmo de um dos artigos mais populares deste blog (aqui): interpretar toda redução do gasto público como prejudicial para o brasileiro. Inverter a causalidade: não perceber que o gasto de hoje deverá ser pago no futuro de alguma forma, e que no futuro, caso as contas estejam desajustadas, envolverá corte de gasto e aumento dos impostos. Estamos nesse futuro, fruto do gasto público do passado - e do presente -, dada a aversão de políticos em implementar programas de ajuste dos gastos. 

Há também significativa miopia em perceber que os efeitos de uma política econômica perpassam os anos, atingem diferentes segmentos do país, não somente aonde ela foi projetada. Henry Hazlitt escreveu a obra, Economia Numa Única Lição, justamente para elucidar essa característica.  

Como os recursos fiscais são escassos, estamos condenados a viver com restrições. O governo brasileiro não pode conceder subsídios e disponibilizar renda de forma ilimitada ao seu bel prazer. O preço será cobrado. Por isso a necessidade de uma economia pujante, com crescimento sustentado da produção, o qual possibilitaria o acúmulo de recursos fiscais que poderiam ser convertidos em políticas sociais. A responsabilidade econômica anda de mãos dadas com a responsabilidade social. 












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