quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

Crise Financeira na China Pode Causar Recessão Global

Ascensão chinesa criou novo foco de flutuação econômica

crise econômica financeira


Nessa semana eu tive duas publicações científicas. Hoje falarei da primeira, e na próxima semana eu detalharei o segundo artigo. A publicação foi na revista National Accounting Review, cujo artigo é  Impact of Chinese financial shocks: A GVAR approach (Impacto de choques financeiros na China: uma abordagem GVAR). Minha motivação para ter construído esse estudo foi a possibilidade de uma crise financeira na China, iniciando pelo seu setor imobiliário. Atualmente, esse evento tem ganhado mais força, em especial por conta do endividamento de empresas chinesas, a desaceleração do crescimento de sua economia, e o desejo do governo chinês em aumentar o controle sobre empresas. 

No artigo eu mostro que uma crise financeira na China causaria uma recessão global, diminuindo o PIB de economias localizadas em diferentes continentes. Portanto, a economia mundial sentiria as consequências do que ocorrer no sistema financeiro do gigante asiático. 

Outra consequência é a depreciação generalizada de várias moedas nacionais, gerando o famoso efeito "voo de qualidade (ou voo de segurança)", quando capitais aplicados em economias desenvolvidas e em desenvolvimento fluem para o porto seguro, a economia dos Estados Unidos, por causa do status do dólar como ativo financeiro mais confiável do mundo. É um desdobramento normal em crises econômicas. Investidores se sentem inseguros em meio a incerteza econômica, e preferem ter seus ganhos reduzidos do que perder grande parte de suas aplicações. 

Outro resultado é o aumento da influência da China sobre a economia mundial. Veja a figura abaixo, retirada do artigo, a qual mostra a proporção do PIB da China com a economia mundial (China/World), o PIB chinês dividido pelo PIB de economias ricas (China/High Income), e o PIB chinês dividido pelo PIB de economias pobres e de renda média (China/Low and Middle Income). Note que em todos os casos as linha sobem substancialmente desde os anos de 2000. É sinal tanto do fortalecimento da economia chinesa quanto da maior integração da China com a economia mundial. Portanto, maior integração econômica pode significar maior vulnerabilidade da economia mundial ao que ocorre na China.



É justamente isso o que consegui mostrar nos resultados empíricos. Mostrei que a crise financeira na China tem maior efeito sobre os demais países a partir de 2000, ou seja, no novo milênio. Antes de 2000, quando a participação da China era baixa, ainda que ocorressem crises financeiras por lá, a economia mundial não sofreria muito com esse choque. Isso é um resultado importante na Ciência Econômica: quanto maiores os laços financeiros e comerciais entre economias, maior é a vulnerabilidade entre elas

Desta forma, uma mensagem do artigo é que deveríamos observar com cuidado o que ocorre na China. Sofreremos as consequências de crises financeiras que forem deflagradas por lá.







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