sexta-feira, 24 de maio de 2024

Resenha: Os Sete Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes (Stephen Covey)

Hora de revermos hábitos e melhorar nossas estratégias

caráter, integridade, produção


Quem acompanha esse blog sabe que eu gosto de diversificar minhas leituras. Em especial, tenho uma forte inclinação por livros sobre a psicologia humana. Os Sete Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes se encaixa nessa categoria, escrito pelo professor Stephen Covey, o qual conciliou os seus ensinamentos com o seu trabalho - portanto, é um dos poucos acadêmicos que uniram teoria com prática (ao longo da obra, Stephen descreve experiências profissionais, conversas de negócios e trabalho). Já adianto que dos livros desse estilo, esse é um dos melhores que tive a oportunidade de ler. 

Antes de apresentar os 7 hábitos, o autor nos diz que devemos aceitar pagar o preço caso desejamos evoluir pessoalmente e profissionalmente. O verdadeiro domínio em determinado segmento de nossas vidas exige um preço. "Não existe almoço grátis" é uma das frases mais famosas na Ciência Econômica, denotando que tudo tem um custo, mesmo que o mesmo esteja escondido. Para a evolução pessoal, temos de aceitar pagar esse preço. A jornada dos 7 hábitos ilustra esse ponto. 

Os 7 hábitos envolvem 4 esferas que são tocadas ao longo do livro. A primeira é a ética do caráter. Stephen defende que construamos valores e tomemos ações para respeitá-los, como a honestidade, integridade, justiça, paciência e serviço. A segunda é a abordagem de dentro para fora (inside-out): primeiro devemos mudar nós próprios para depois tentarmos mudar o ambiente externo (é o mesmo sentido que Jordan Peterson levanta ao defender que deveríamos arrumar nosso quarto primeiro para depois tentar mudar o mundo). A terceira esfera é o P-CP: P de produção e CP de capacidade produtiva (deveríamos observar a nossa produção sem se esquecer de investir em nossa capacidade de produção). Por fim, a última esfera é a percepção de que devemos primeiro ter vitórias privadas (vitórias sobre o nosso eu, sobre o nosso eu do passado) para depois colher vitórias públicas.  Vencer nós mesmos ilustra a observação filosófica de que "o mesmo homem não entra no mesmo rio duas vezes": sempre estamos mudando. Vitórias privadas elucida essa figura de imagem. 

O primeiro hábito é a proatividade. Não é a proatividade de sair tomando decisões e fazendo coisas. É um conceito mais amplo, envolvendo nossa liberdade de escolher os valores que desejamos seguir. É o foco em melhorar nossas habilidades de caráter. Podemos melhorar nosso comportamento em várias situações de nossa vida pessoal e profissional. Stephen descreve uma conversa com um esposo que enfrentava um casamento problemático, o qual alegava que não amava mais sua esposa. Stephen explica que o amor é um verbo, e que podemos escolher amar a pessoa. Podemos ser proativos e resgatar o sentimento que se foi. Sempre (ou então na maior parte das vezes) temos uma terceira alternativa - é uma das conclusões da obra. 

Comece com o objetivo em mente é o hábito 2. Devemos saber o que queremos, onde queremos chegar, a meta que deve ser atingida. É o hábito que nos diz para sermos líderes em nossas vidas. Enquanto o hábito 1 cria situações, o hábito 2 delimita o seu alcance. Não ter um objetivo claro em mente abre espaço para perda de tempo e ações inúteis para o propósito de nossas vidas. Esse ponto requer profunda atenção para ser obtido. Não é trivial saber onde desejamos seguir. 

Hábito 3: Primeiro o mais importante. Esse hábito é uma consequência do hábito 2. Ele nos diz que devemos agir para colocar em prática o hábito 2. O hábito 2 esboçou o trajeto. O hábito 3 recomenda segui-lo. É aqui que devemos dizer não para várias coisas, situações, pessoas. Dizer não é para poucos, requer delicadeza (para não ofender o outro), assertividade (a convicção de ter uma posição) e visão (direi não porque desejo outra coisa). 

Os hábitos 1, 2 e 3 envolvem a vitória privada. A vitória que conseguimos conosco, em nosso mundo interno. Não é visível para os outros. Talvez as suas consequências possam ser. Aqui o indivíduo, caso seja eficaz em implementar esses hábitos, será uma pessoa mais confiante, atuante e firme em seus propósitos e metas. 

O hábito 4 recomenda que busquemos acordos ganha-ganha, nos quais ambas as partes consigam benefícios, sem prejudicar ou causar insatisfação. De que adianta se sair "vitorioso" em uma discussão com um amigo/parceiro/colega de trabalho? Como será a interação com essa pessoa "derrotada"? Foi mesmo uma vitória? O ganha-ganha como princípio exige que saibamos entender e compreender o outro lado, e encaixá-lo com o que almejamos. Novamente, exige delicadeza. 

Hábito 5: Procure primeiro compreender, para depois ser compreendido. Esse hábito faz com que os acordos ganha-ganha se tornem factíveis. Entender o outro abre portas e mundos para nós. Acredito que sempre podemos aprender com o outro, não importando a condição do indivíduo que interage conosco. Entender o outro exige humildade para ouvir e atenção para compreender.

A junção desses hábitos possibilita que criemos sinergia (hábito 6). A sinergia ilustra o princípio de que a soma das partes pode ser maior do que o resultado final. A complementariedade entre pessoas pode acarretar em ganhos superiores ao que seria sem uma sinergia completa. Embora sinergia não seja um hábito (na minha opinião), se parecendo muito mais como uma consequência da implementação dos hábitos anteriores, a colocação de sinergia como um hábito talvez seja para mostrar que deveríamos trabalhar para criar situações nas quais a sinergia possa ser liberada. 

Finalmente, o hábito 7 recomenda que afinemos o instrumento. Há 4 áreas nas quais cuidados constantes são exigidos. Caso negligenciemos uma delas, todo o esforço pode ser perdido. São elas: física (manter a saúde física em dia), mental (cuidado com a saúde mental, depressão, ansiedade), espiritual (religião, leitura de livros antigos, meditação, ou outra atividade que gere uma paz de espírito), e emocional/social (fomentar o seu círculo de confiança, amizade, família). O cuidado nessas esferas renova nossas forças mentais e físicas para seguirmos os hábitos das pessoas altamente efetivas. 

A construção e a evolução da obra merecem destaque. O livro não apenas joga os hábitos e os discute. Há um sequenciamento lógico, com descrições da vida do autor, de sua família, e de seu trabalho para reforçar a sua argumentação. É uma leitura agradável, que consegue nos animar (bem, me animou). Sem dúvidas é um livro que pode ser útil para nossa trajetória. 






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