Não é recomendável que países dependam de salvadores
Nessa semana, o ex-presidente Jair Bolsonaro foi considerado culpado por todos os crimes elencados pelo STF. Como lembrado pelo G1, ele é o quarto ex-presidente a ser preso desde o fim do período militar (1985).
Não é normal essa frequência de prisões de ex-presidentes. É sinal de que o quadro institucional do Brasil precisa de melhoras.
Sobre Bolsonaro, ainda acredito que, tivesse ele se comportado com pragmatismo quando presidente, no período de 2019 a 2022, hoje estaríamos em seu segundo mandato. Todavia, vai saber o porquê, Bolsonaro tomou direções estranhas e prejudiciais para si próprio, como as piadas durante a Covid-19, as interferências com o trabalho de seu ministro da economia, Paulo Guedes, as várias frases infelizes e desrespeitosas e a tentativa de implementar um golpe. Não precisava de nada disso.
Bastaria deixar os seus ministros trabalharem. O país estava cansado do PT e de Lula - e também das várias pautas levantadas pela esquerda política.
Bolsonaro tinha espaço e apoio para governar. Para governar. Não buscar confusão.
Enfim!
Agora tudo é passado.
O péssimo governo de Bolsonaro ressuscitou tanto Lula quanto o PT.
Mas acredito que há ampla insatisfação da população com a esquerda política.
As próximas eleições presidenciais podem mostrar se estou interpretando corretamente o cenário nacional.
No tocante à economia, as prisões de ex-presidentes mostram que o nosso sistema político é pouco estável.
Por exemplo, não é normal que o STF tenha tanta influência sobre o país, decidindo sobre várias questões. Precisamos de um STF menos ativista e mais contido.
Alexandre de Moraes, por exemplo, precisa ter menos influência sobre o Brasil.
Somos uma democracia com a harmonia dos 3 poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário.
Porém, na minha opinião, o Judiciário se agigantou sobre os demais.
Embora o judiciário ostente a pose de bom moço, como o guardião da democracia, esse poder é um dos responsáveis pela estagnação econômica do país.
Explico: juízes furam o teto do funcionalismo público, que hoje é de aproximadamente 46.500 reais. Isso significa que há supersalários, atingindo a marca de 100 mil reais mensais.
Além disso, em termos internacionais, o Brasil gasta mais de 4 vezes em tribunais do que outros países.
Assim, o poder judiciário prejudica as contas fiscais, elevando o gasto público. Segue direção contrária ao ajuste fiscal.
Esses nossos heróis da democracia!
Não há bons moços quando o país apresenta instabilidade institucional, como é o caso do Brasil.
Tenho para mim que todo país que precisa de um herói termina sem ter a sua situação resolvida e também sem ter o almejado herói - heróis nacionais tendem a se degenerar em déspotas.
(É sinal de imaturidade intelectual confiar a "salvação" dos problemas nacionais em pessoas, políticos, e não em ideias, projetos e visão de longo prazo).
(Dica: defenda ideias e teorias, e não se apegue às pessoas que as defendam).
Portanto, enquanto nossos juízos defendem a democracia, extraem renda da população. Vale dizer, tudo de forma legal, previsto em lei.
Mas, em minha opinião, de forma imoral.
Imoral porque o país precisa ajustar suas contas públicas, porque a média da renda do brasileiro é de 3 mil reais, porque temos uma desigualdade de renda altíssima e porque temos também altos níveis de pobreza.
Não concordo com servidores públicos recebendo tanto o teto de 46 mil reais quanto com o furo desse teto - por mais que a lei diga que é legal. É imoral nas condições do Brasil.
Talvez eu tenha essa percepção porque eu seja economista e os números sempre fazem parte de minhas considerações.
De toda forma, não é bom para o país que tenhamos tantos ex-presidentes presos e que precisemos de um STF ativista para resolver nossos problemas.
São sinais de problemas estruturais.

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