Com efeitos negativos
Irei apresentar minha mais recente publicação, o artigo Geopolitical tensions between the U.S. and China and renewable energy (Tensões Geopolíticas entre os Estados Unidos e a China e a Energia Renovável). De forma um pouco surpreendente, publiquei novamente na Energy Policy, aquela revista que rejeitou 11 artigos que eu tinha enviado ao longo dos anos.
Essa é a 7ª publicação de Qualis A1 nesse ano, o meu record. Tudo indica que irei levar alguns anos para repetir esse número (nos próximos meses irei explicar minha nova estratégia como pesquisador, focada em reduzir o número de publicações).
Como o próprio título indica, eu analisei os atritos diplomáticos entre os EUA e a China. Eu me questionei se esses atritos não afetariam os mercados energéticos.
A produção de energia renovável envolve investimentos de longo prazo e planejamento. Se há alta incerteza global, em parte gerada pelos atritos entre as duas potências econômicas, então investidores poderiam recuar nos planos de expandir a energia renovável.
Por quê?
No caso de empresários, a postergação de investimento pode fazer sentido em um mundo com altíssima incerteza. Alta incerteza é normalmente relacionada com lucros menores.
Portanto, como movimento de proteção ao patrimônio e sustentabilidade fiscal da empresa, investimentos de longo prazo em energia renovável, que são incertos em alguns sentidos (o mundo de fato irá caminhar para a transição energética?), são adiados.
Empresas podem apostar em atividades tradicionais e adiar planos um pouco mais ousados.
Mas as tensões entre EUA e China aumentaram? A figura abaixo responde essa questão.
O UCT (US-China Tension Index) é um índice que mensura a frequência de palavras relacionando tensões entre os EUA e a China em jornais. Quanto maior a frequência dessas palavras, maior será o índice e, portanto, maior a tensão entre essas duas nações.
Veja que desde 2002 a tensão entre os EUA e a China tem aumentado.
Então está correto afirmar que esses dois países têm se batido mais nos últimos anos.
Eu simulei um cenário no qual o UCT aumentaria e verifiquei como a produção de energia renovável de alguns países responderia:
Tecnicamente falando, a figura acima mostra as respostas de um modelo GVAR. Os valores são válidos somente quanto todas as 3 linhas estão no mesmo quadrante.
Note que há queda da energia renovável na China (CHN), em Israel (ISR), no Japão (JPN) e nos EUA (US).
Logo, há evidência de que as tensões entre os EUA e a China impactam negativamente a produção de energia renovável. Em outras palavras, esses atritos podem comprometer o ritmo da transição energética.
Sabemos que Donald Trump, o presidente dos EUA, é contrário à transição energética. Há quem diga que ele nem mesmo acredita na mudança climática.
A China, por outro lado, tem apostado na transição energética, em diversificar a produção de sua eletricidade em variadas fontes.
A inundação de carros elétricos chineses é evidência dessa estratégia.
Contextualizando com outros artigos que escrevi sobre algumas das políticas de Donald Trump, esse artigo científico reforça ainda mais o meu ponto: Trump implementa políticas (especialmente as tarifas) que sairão caras para ele, para os americanos e para os EUA.
Sim, impor tarifas elevadíssimas sobre a China eleva as tensões entre esses países (veja como ficou o clima entre Brasil e EUA após a tarifa de 50% sobre nossas exportações).
O artigo publicado na Energy Policy está aqui.
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