sábado, 27 de dezembro de 2025

Palavrinhas de Fim de Ano

Reflexões e Pensamentos 

metas


Estamos caminhando para o término desse ano e provavelmente, como é costume anual, iremos renovar esperanças e traçar planos e metas. 

Decidi escrever esse texto de forma aleatória. 

Bem, não muito aleatória. Eu sempre estou escrevendo sobre economia, mudança climática, transição energética, resenhas e vez ou outra sobre meu dia a dia como pesquisador e professor.

Admito que pouco falo de mim - de minha vida pessoal. 

Na verdade, considero aconselhável que escolhamos bem os ouvidos alheios. Nem todos querem escutar e nem todos que escutam de fato irão nos ajudar.

Com o tempo, tenho aprendido que amigos temos poucos - provavelmente o inverso do número das amizades e seguidores de redes sociais.

As redes sociais nos confundem.

Vamos perdendo pessoas e contatos com o avançar de nossas vidas - mas alguns ficam.

Faz parte essa perda de amizades. Algumas deixaram de fazer sentido, outras mudaram muito. 

Estamos sempre em mudança.

"O mesmo homem não entra no mesmo rio duas vezes em sua vida". 

A mudança é inevitável. O ponto é: mudamos para melhor ou para pior?

Claro, somos juízes enviesados nessa análise.

Tendemos a nos considerar vítimas, bons e razoáveis. Quem quer ser o vilão? 

Mas a verdade é que, em algum ponto de nossas vidas, nós vestimos a casada de vilão na história com alguma outra pessoa. 

É sempre assim.

Mas continuamos avançando em nossas jornadas. 

"A vida é um rasgar-se e remendar-se", já dizia Guimarães Rosa. 

Como uma bola de neve caindo de uma montanha, vamos acumulando experiências, erros, alguns acertos e, com otimismo, sabedoria. 

Teremos regressões.

De novo, faz parte da trajetória. 

Quanto mais converso com pessoas bem sucedidas em variadas esferas da vida, todos me dizem que regressões e quedas são inevitáveis, que deveríamos continuar insistindo e avançando - remendando-nos, para parafrasear o mestre Guimarães Rosa. 

Seria isso a definição e conceito de sucesso profissional?

E o sucesso com a vida em uma tomada generalista? Como se tornar melhor do que somos?

Seria a mesma fórmula? Continuar avançando, com um olhar no espelho para nos avaliarmos?

Por isso a importância de psicólogas? Essas profissionais nos ajudam a nos entender e a entender o contexto que estamos vivendo.

É como se recebêssemos feedback sobre o que estamos fazendo e pensando. 

No caso do Brasil, a terapia ofertada por psicólogos é um bem de luxo, em minha opinião. 

Contas simples para reforçar o meu ponto. No próximo ano, o salário mínimo será de R$ 1.621. Aumento de 6.79% sobre o salário mínimo em vigor. 

Fosse esse um texto sobre economia, eu iria falar mais sobre o significado de um reajuste superior à inflação anual de 4.4% (sim, reajustar o salário mínimo acima da inflação traz problemas fiscais para o país - o leitor dirá que parece injusto em um país extremamente desigual, e eu concordarei, mas fatos, teoria econômica e contas fiscais funcionam dessa forma). 

Pois bem! Com esse salário mínimo, uma terapia no Brasil, que tem custo superior a R$ 150 (eu usei a tabela do Conselho Federal de Psicologia como referência), caberia no orçamento do brasileiro?

Mais dados? Segundo o IBGE, cerca de 35% de todos trabalhadores do país recebem até 1 salário mínimo. Uma sessão de terapia comeria 10% do salário mínimo. 

Se as sessões fossem semanais, então em um mês com 4 semanas o custo seria de 4 vezes 150 reais = 600 reais. Se 5 semanas, o custo pularia para 5 vezes 150 reais = 750 reais. 

Não, terapia não é um bem/serviço para o brasileiro comum. 

Ao contrário do que é dito, terapia e quaisquer outros serviços de saúde são mercadorias

O serviço somente é consumido em meio ao pagamento para o seu usufruto - definição de mercadoria. 

(Se o profissional vê algo de pejorativo em saber que o seu serviço é uma mercadoria, é uma questão de desinformação econômica! - provavelmente leu livros estranhos sobre economia). 

Que voltemos ao foco do texto!

Então precisamos de feedback e conselhos conforme avançamos em nossas vidas? Eu acredito que sim. 

Amigos próximos, alguns familiares e até mesmo colegas podem nos ajudar. 

Mas precisamos ser receptivos

Não é fácil porque nossa vaidade e ego não gostam de ser criticados ou questionados.

Mas é o único caminho para nos corrigir e saber se estamos de fato melhorando.

Então, um bom conselho para o próximo ano, é que nos olhemos mais vezes no espelho - podemos não gostar muito do que iremos ver.

Faz parte. Mas é o caminho para o aprimoramento.

Para que ao nos remendar, que nos remendemos com um tecido melhor.

Claro, se você tem condições financeiras, o serviço das psicólogas pode te ajudar. 

Se não é este o caso, atente-se com quem te acompanha. 


METAS

E as metas de 2026? 

Eu prefiro metas modestas, pequenos passos, que se atualizam conforme avançamos. 

Metas ambiciosas parecem muito distantes, infactíveis. 

A verdade é que essas metas ambiciosas também são factíveis, mas a altura delas pode assustar. 

Que não nos assustemos!

Hoje eu li uma coluna na Folha de S. Paulo que recomenda que nos desconectemos das redes sociais, que gastemos menos tempo na frente de celulares. 

Há estudos mostrando que esse passo melhoraria nossa qualidade de vida e nossa felicidade. 

Recentemente, conversei pessoalmente com um amigo (fazia anos que não o via; ele mora em outra região do país) que decidiu deletar todas as redes sociais. Foi chamado de radical por todos.

Eu o defendi (ele ficou surpreso). Eu concordei com sua postura.

Para mim, radicalismo é viver gastando mais tempo no celular do que no mundo "real". 

É minha opinião - e claro, eu tenho tomado medidas para reduzir o tempo de tela, dessa dopamina barata, fugaz e altamente prejudicial. 

O livro Nação Dopamina não deixa dúvidas quanto a esse ponto. 

Para finalizar essa discussão das metas, se possível, eu recomendaria menos celular e mais contato com o mundo "real". 

Mas algo me diz que essa é uma batalha perdida. 

O mundo caminha rumo ao mundo virtual. 

Mais vídeos curtos e menos leitura profunda

Se o que fazemos reflete, em algum grau, quem somos, estamos caminhando para se tornar supérfluos e rasos? (o cético adicionaria a palavra "mais" antes de supérfluos).

Seremos menos profundos e menos reflexivos?

Por que o tédio tanto nos incomoda?

Tenho uma teoria de que o celular é uma forma de afastar o tédio.

Tão logo há sinal de tédio, eis que o celular e os seus milhões de aplicativos acabam com o tédio.

Mas o preço pode ser alto.


FELIZ 2026

Eu gostaria de desejar um feliz 2026.

Espero que esse texto possa gerar algumas reflexões. 

Continuarei escrevendo sobre economia, ciência e resenhas no próximo ano - com talvez textos como esse, sem elo com o que eu trabalho.

E as minhas metas?

Tracei minhas metas, atualizei outras e reforcei algumas outras.

Conforme eu batê-las ou não, vou escrevendo por aqui.

Grande abraço!











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