terça-feira, 5 de março de 2024

Ilusões

Lula e o PT envelheceram mal

guerra economia


O PIB brasileiro avançou em 2,9% em 2023, com o lado negativo de que o componente do investimento tem mostrado dificuldades em avançar. O investimento é a parte mais volátil da demanda agregada, a qual é composta pelo consumo, exportações, importações e gasto do governo. A maior parte do investimento depende do setor privado, de sua confiança e otimismo com a economia. Por que investir se o cenário nacional não se mostra promissor? Há quem diga que o empresário e o empreendedor devem ser indivíduos, por excelência, otimistas e aventureiros.

Outra parte do investimento é composta pelo investimento público. Esta depende do governo para ser realizado. O ponto é que, como quase tudo que faz parte de nossas vidas e em especial da economia, os recursos são escassos. Se o governo direciona grande parte de seus recursos na forma de gasto, como o pagamento de salários de servidores públicos, benefícios previdenciários e programas públicos, irá sobrar menor quantidade para o investimento. O cobertor aqui é extremamente curto. 

Uma das críticas que tenho com a atual administração, em especial com o presidente Lula e a presidente de seu partido, Gleisi Hoffmann, é que ambos acreditam no gasto do governo não somente como principal alavanca para o crescimento econômico, mas também como fonte inesgotável. As duas proposições estão incorretas. Os principais fatores para quaisquer países se tornarem ricos são: qualificação da mão de obra (capital humano), acumulação de máquinas e equipamentos sofisticados, inovações tecnológicas e quadro institucional modernizado (aqui entra as reformas econômicas, as leis, regras, cultura, tradição, funcionamento dos poderes judiciário e legislativo). O Brasil tropeça em todos esses componentes. E o que dizer da crença (infantil?) do gasto público ilimitado?  

Nos últimos dias o Brasil voltou a decepcionar no cenário internacional, na diplomacia. Tenho a impressão que Lula superestima o papel e influência do Brasil. Somos um país comum no tocante à negociações internacionais e na geopolítica. O posicionamento político do país não irá mudar os acontecimentos correntes. Vamos lá: como o Brasil pode influenciar a guerra da Ucrânia com a Rússia? E o conflito entre Israel e o Hamas? Isso aí, pensou correto, não podemos alterar o rumo desses eventos. Nos dois casos, os países que podem alterar de forma significativa os ventos são os Estados Unidos e a China, e o bloco da OTAN (e talvez o cartel da OPEP). O Brasil tem armamento para fornecer para os países beligerantes? Tem financiamento para fornecer (em real?)? O Brasil consegue impor sanções? Também não. Somos um país de renda média, economicamente estagnado, com enormes problemas internos. Ainda não conseguimos superar de forma definitiva a crise fiscal iniciada em 2015 pelo partido que governa - e que nunca assume a sua autoria. Como querer dar pitaco em conflitos internacionais?

Estou pessimista com o futuro do país, tanto na economia quanto no geral. Na economia, sem realizar as tais (aborrecidas e impopulares) reformas estruturais, continuaremos patinando, com aumento do PIB em cifras insuficientes para alterarem o status do país de renda média para renda alta. No geral, minha percepção é de que o debate público continua muito pobre, recheado de superstições e crenças ultrapassadas. E quase todos se consideram corretos e não aceitam ouvir argumentos contrários - há quem diga que deveríamos melhorar primeiramente como cidadãos, pois os políticos se originam da massa populacional. Mas como? 





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