Recompensa da labuta
Escrevo esse texto em estado de grande felicidade! Tive o prazer de ficar em segundo lugar no 1º Prêmio iCS de Economia e Clima, promovido pelo Instituto Clima e Sociedade.
É o primeiro prêmio em minha carreira - e espero que tantos outros apareçam.
Interpreto esse prêmio como evidência de que meu trabalho, estudo, pesquisa, publicações e tantas horas e horas labutando geram resultados. Muitas vezes esses resultados são invisíveis e intangíveis - o conhecimento é tanto invisível quanto intangível -, mas há momentos nos quais as recompensas são palpáveis.
Claro, também fiquei feliz com a remuneração do prêmio.
O meu trabalho premiado foi o que publiquei na revista Journal of Regional Science. Eu escrevi sobre ele aqui.
Em resumo, eu mostro que a macroeconomia brasileira afeta tantos as emissões de gás carbono quanto o desmatamento da floresta Amazônica.
Em particular, eu mostrei que a taxa de câmbio, os preços de commodities e a produção industrial impactam o meio ambiente brasileiro.
Como o Brasil é um grande exportador de commodities, como a soja, a depreciação cambial (subida do real por dólar) facilita as exportações. O país vende mais commodities, mas também desmata mais (o incentivo para desmatar aumenta com o câmbio depreciado).
No tocante aos preços de commodities, quanto maiores forem, maior a rentabilidade dos produtores de commodities. Portanto, similarmente ao descrito pelo câmbio, maior o desmatamento.
Por fim, a produção industrial reúne práticas e atividades que poluem, como o transporte e a emissão de poluentes.
Dei um passo adicional e mostrei que o Brasil "exporta" gás carbônico para os seus vizinhos latinos.
Lembre-se: gás carbono não respeita fronteiras nacionais, ele se espalha pelo planeta. O Brasil, neste sentido, prejudica tanto a mudança climática quanto os seus vizinhos.
Esse prêmio me lembrou que a vida acadêmica não é somente lecionar e publicar artigos, incorpora também possíveis prêmios e a disputa por projetos para financiar pesquisas.
Finalmente, dando um toque filosófico, sempre acreditei que o trabalho é algo que dignifica nossa vida (tenho um amigo em São Paulo que me disse essa frase e nunca mais a esqueci). Ele pode gerar um propósito para nossa jornada na terra.
Gosto de trabalhar com quase tudo que permeia a Ciência Econômica. E esse prêmio fortalece ainda mais essa percepção que tenho.
Se trabalhar e estudar é bom, imagine se vier acompanhado, ainda que raramente, de algum bônus.
E claro, há dias ruins e difíceis. Mas hoje foi um dia muito positivo.
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Fiz um vídeo sobre esse texto:

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