Maior do que poderíamos ter pensado
Minha última publicação científica mostra que a estratégia de transição energética da China nos afeta tanto no consumo quanto na produção.
Veja na figura abaixo as exportações de bens elétricos da China. Sabemos que a China é uma grande produtora de bens elétricos, incluindo veículos elétricos, os quais têm entrado em solo brasileiro, por exemplo.
A figura não deixa dúvidas de que essas exportações subiram. E claro, quando um país exporta, significa que tantos outros estão comprando esse bem, ou seja, estão importando.
Nós (eu escrevi o artigo com outros dois professores, Emilson, da Universidade de Auckland, e Jocka, da Universidade da Flórida) mostramos que a China influencia nossos hábitos de consumo.
Nenhuma surpresa, certo? Conforme a China se tornou uma potência econômica, rivalizando com os Estados Unidos, o resto do planeta passou a ser influenciado pelos chineses - ainda que neguem ou não concordem com isso.
É um dos corolários de países que se tornam relevantes: influenciam o resto da humanidade.
Somos, portanto, seremos influenciáveis?
Hoje muitos consomem o conteúdo do TikTok, rede social chinesa, e tantos outros bens vendidos por aplicativos, como a Shein.
No caso do artigo, mostramos que isso é válido para produtos relacionados com a transição energética.
Caminhando para a macroeconomia (agregados econômicos), as estimativas mostraram que a China afeta os preços do petróleo, de minerais críticos, transições energéticas nacionais e o risco geopolítico.
O risco geopolítico mensura o quão incerto é o cenário internacional.
Nossa interpretação para esse resultado foi que a estratégia energética da China é vista com receio pelos demais países.
Há resistência a um mundo influenciado e governado por produtos chineses, como temos visto pela tributação imposta tanto pelos Estados Unidos como por países Europeus sobre veículos elétricos.
Algo estranho, pois veículos elétricos auxiliam na luta contra a mudança climática.
Sim, no jogo geopolítico, na luta de poder entre Estados, o altruísmo, mesmo com o planeta, pode se tornar uma meta secundária.
Tudo isso é mostrado e confirmado no artigo.
Uma curiosidade do artigo é o seu título gigante, com 4 linhas:
"Minerais críticos, tecnologia limpa, risco geopolítico e a transição energética global: Uma exploração da influência chinesa nos mercados de terras raras e de lítio por meio do modelo GVAR".
O título no original é: Critical minerals, clean tech, geopolitical risk and the global energy transition: An exploration of the Chinese influence on rare earth and lithium markets through the GVAR model.
O estudo foi publicado na revista Cambridge Prisms: Energy Transitions. Foi difícil publicado, pois o revisores e editores foram muito exigentes. O título, por exemplo, foi uma de suas exigências - nosso título inicial era menor e mais compacto (não recomendo títulos grandes).
Aos interessados, o artigo pode ser visto aqui.
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