terça-feira, 7 de outubro de 2025

Os 5 Principais Erros que Cometemos com a Transição Energética

Talvez o erro 1 seja o mais importante para nós consumidores

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Como discutido no texto Como Combater a Mudança Climática?, a transição energética é a principal política para combater o aquecimento global, o qual é gerado pelas emissões de gases poluentes, como o gás carbono. 

Vimos que a transição energética é o aumento da produção de energia renovável (solar, eólica, geotérmica) e de baixa emissão de carbono (como a energia nuclear) enquanto a produção de energia derivada de combustível fóssil é reduzida (petróleo, gás natural e carvão)

Quais os 5 erros que cometemos?


PRIMEIRO ERRO: Transição energética não terá custos

Trabalhos acadêmicos têm acumulado crescente evidência de que a transição energética poderá elevar o custo de vida, por meio dos aumentos dos preços da terra e dos alimentos e da inflação nacional. 

Eu mesmo publiquei um artigo científico que mostra o aumento sobre a inflação (aqui).

Para entender o aumento do custo, note que parte da produção de energia renovável depende de minerais críticos (terra rara, cobre, lítio). Como o próprio termo sugere, críticos porque são essenciais para a transição, mas também porque a oferta e a disponibilidade são incertas, sujeitas a interrupções devido a conflitos e atritos geopolíticos. 

Em outras palavras, a oferta desses minerais é limitada. E a regra é clara: baixa oferta e alta demanda significa preços elevados. 

De fato, os preços de minerais críticos têm subido ao longo dos últimos meses.

Há complicações adicionais como a infraestrutura de geração da energia e de distribuição, que também pode onerar nós consumidores. 

Finalmente, como governos arrendam ou compram terras para construir fazendas de produção de energia renovável, como a eólica, os preços das terras subiram em algumas localidades.

Agricultores repassaram o maior custo da terra no preço final dos alimentos. E assim temos maior custo de vida. 


SEGUNDO ERRO: Transição energética será rápida

Desde a posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, temos observado o recuo do país em relação ao apoio à transição energética.

Os EUA não estão sozinhos. Países árabes, grandes produtores e exportadores de petróleo, não irão abandonar a principal fonte de renda devido à pauta energética. 

Neste ponto, caro leitor, incentivos monetários importam. 

Como conciliar os mais de 150 países a seguirem a transição energética?

Pergunta difícil de responder. Alguns eventos, como a COP30, tenta criar consenso entre países - similarmente como as Nações Unidas.

Tarefa sempre difícil.

Por exemplo, eu publiquei um artigo científico que mostra que os EUA focam na produção de combustíveis fósseis como política energética, ao passo que a China tem seguido uma crescente eletrificação com redução do uso de carvão. 

O efeito líquido sobre o meio ambiente é misto. 

O que é certo é que diferentes abordagens energéticas irão desacelerar o ritmo da transição energética. 


TERCEIRO ERRO: Oferta de energia renovável será estável

Talvez o principal ponto fraco da energia renovável é que ela depende das condições climáticas

Imagine um período sem sol, pouco vento e baixa precipitação. Como gerar energia solar, eólica e hidráulica? 

Não teria jeito.

Portanto, a provisão de energia renovável é dependente do planeta - e nós não controlamos o planeta

É um ponto delicado, pois países e comunidades podem sofrer escassez de energia e apagões por conta da falta de energia elétrica.

Sem deixar de mencionar que o custo da energia tenderia a subir.

Como o erro 1 adiantou, talvez teremos de discutir, no futuro, se estaremos dispostos a pagar por uma energia mais cara.


QUARTO ERRO: O petróleo deixará de ser usado

Eu não consigo imaginar um futuro próximo sem o uso do petróleo.

Utilizamos petróleo todos os dias: no transporte, nas importações e na produção de mercadorias.

Como abandoná-lo repentinamente? 

Ou como reorganizar economias para que elas não o utilizem?

Como fazer com que a Arábia Saudita, os EUA, a Rússia (!), a Venezuela e tantos outros deixem de usar petróleo?

Quanta ingenuidade! 

Quando interesses econômicos e a geopolítica entram em cena, há pouco espaço para altruísmo com metas ambientais. 

Tudo indica que a transição energética, se ocorrer, será pela produção cada vez maior de energia renovável, de forma a reduzir, proporcionalmente, a participação de petróleo.

Imagino que a transição energética será como a descrita por Yergin no livro O Petróleo: Uma História Mundial de Conquistas, Poder e Dinheiro

A última transição energética, do carvão para o petróleo, não representou o fim do uso do carvão - usamos até hoje, em especial a China.

O que ocorreu foi que o petróleo se alastrou e ganhou maior importância, deixando o carvão como secundário. 

A transição energética provavelmente seguirá caminho parecido.


QUINTO ERRO: Transição energética será suficiente

Mesmo que a transição energética ocorra, talvez o planeta não irá reduzir sua temperatura global, de forma que continuaremos lutando com as consequências da mudança climática. 

Em parte porque a mudança climática já progrediu significativamente. 

Em parte porque a transição energética é somente uma peça dessa luta.

Outros fatores como a mudança de nossos hábitos, a descoberta de reservas de minerais críticos e novas tecnologias que recuperem tanto a degradação do planeta quanto aprisionem gases poluentes são ingredientes necessários. 

E incertos - não sabemos se eles irão ocorrer. 

E como já discutido, há os diversos países que não irão facilmente abandonar o petróleo.

E nós, sensíveis aos preços e custos, também não iremos abraçar a energia renovável caso o seu custo seja elevado.

Usando minha bola de cristal: se os preços da energia derivada do petróleo se tornarem mais atrativos do que os preços da energia renovável, não imagino muita disposição dos consumidores em adotarem energia renovável. 

Sim, os desafios são grandes.

Mas espero que esse texto o tenha deixado um pouco mais informado sobre a transição energética.


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