Reformas continuam sendo necessárias para o futuro da economia
Recentemente foi mostrado que o investimento direto estrangeiro no Brasil despencou com a pandemia (figura abaixo). Em primeiro lugar, vale dizer que IDE pode ser o investimento de instalação de uma multinacional e/ou a compra de ações de empresas nacionais de forma que o capital estrangeiro se torna o principal acionista, tendo o controle da empresa.
Em 2019, o país recebeu 65 bilhões de dólares, mas em 2020 esse valor se reduziu a 25 bilhões. Outros países também sofreram quedas abruptas, como os EUA (embora liderem o ranking), Cingapura e Irlanda. É natural que em tempos de crises, ainda mais da natureza da Covid-19, as inversões de IDE se reduzam. Muitos investidores migram para ativos mais seguros, menos expostos aos riscos correntes. Nesse caso, o ouro e títulos públicos dos EUA costumam ser os principais destinos.
Nessa mesma discussão, a The Economist mostrou o agregado do IDE dividido por nível de desenvolvimento. Veja que o IDE de economias desenvolvidas (azul claro) caiu abruptamente em 2020, ao passo que o das economias em desenvolvimento (azul escuro) se manteve mais ou menos no mesmo patamar. O que ocorreu no caso deste último grupo foi uma recomposição. Alguns países perderam IDE (como o Brasil), enquanto outros receberam mais IDE (como a China e Hong Kong).
A situação brasileira tem como agravante, além da epidemia, desequilíbrios macroeconômicos, como a elevada dívida pública e (agora) a crescente inflação. Acredito que o fator que mais desfavorece o ambiente econômico seja a sensação de procrastinação. As reformas que poderiam melhorar tanto a imagem do país quanto o seu desempenho estão sendo adiadas constantemente. Falta vontade e apoio para avançá-las. Sem elas, iremos conviver com baixo crescimento do PIB, tendo como consolo apenas breves avanços dele, mas que serão temporários.
Voltando ao IDE para encerrar o texto, essa falta de reformas e contas fiscais problemáticas iriam refletir em maior cautela dos investidores, logo, o IDE tenderia a decrescer mesmo sem a chegada do vírus. É um ciclo vicioso e pouco promissor: ambiente econômico com problemas tende a reforçar a piora com queda em importantes indicadores, como a própria entrada de IDE. Novamente, a ausência das reformas está e continuará a custar caro para o país.
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