Produtores do
Playstation 4 e do Iphone 11 responsabilizam a tributação brasileira pelo alto
custo de venda, mas omitem uma parte relevante da história.
Foi
anunciado recentemente os preços da nova geração do Iphone no Brasil, produto
que é sucesso de vendas da Apple. O modelo Iphone 11 com 256 gigabytes (GB) de
memória será vendido por 5.799 reais, o Iphone 11 Pro 512 GB por 8.999 reais e
o Iphone 11 Pro Max 512 GB por nada menos que 9.599 reais. No próximo ano será
a vez da Sony colocar no mercado um de seus principais produtos, o Playstation
5, e não causará surpresa se o seu preço ultrapassar a marca de 5 mil reais.
Em 2013,
quando o Playstation 4 chegou no Brasil, o seu preço foi de 4 mil reais,
causando amplas críticas pelos consumidores. A justificativa do gerente-geral
da Sony da América Latina, Mark Stanley, foi a de que a tributação
brasileira é excessivamente pesada, acarretando no encarecimento do produto.
Caso
similar e recorrente ocorre no comércio de automóveis. É consenso entre os
brasileiros que os carros novos vendidos no país são muito caros em comparação
aos carros vendidos no exterior. Chega-se ao ponto do carro ser produzido no Brasil,
e depois vendido em outra nação, por exemplo o México, e o seu preço ser
inferior ao praticado no Brasil. As concessionárias quando deparadas com
críticas por tais preços culpam – adivinhem – o governo.
É
verdade que o Estado tem parcela de culpa, consubstanciada no termo custo
Brasil. O custo Brasil engloba uma infraestrutura precária para o transporte
de cargas, a tributação distorcida que onera os produtores, legislação que
protege o produto nacional e prejudica a entrada de mercadorias estrangeiras
mais eficientes, energia elétrica cara, entre outros tantos vilões que fazem
com que o custo de vários produtos e serviços seja mais elevado aqui do que nos
demais países.
Mas se
por um lado as concessionárias e a Sony apontam corretamente o custo Brasil
como fator de encarecimento dos produtos, esquecem – ou omitem – o restante da
história. Empresas com produto diferenciado conseguem acrescentar valor no
preço do produto, isto é, elas aumentam a margem do lucro. É um comportamento
típico de monopolistas.
Pense no
caso da Sony ao vender o Playstation 4. Se os consumidores estão propensos a
pagar 4 mil reais, ainda que reclamando, por que a empresa iria cobrar menos
que 4 mil? A Sony procurando aumentar suas receitas age corretamente ao elevar
o preço do produto para que os consumidores mais propensos e ansiosos comprem
pagando o valor mais alto. Conforme essa demanda seja atendida, ela reduz o
preço gradualmente para captar a demanda dos consumidores ansiosos em obter o
produto, mas que não conseguem ou não querem pagar 4 mil reais, e assim a
empresa vai ajustando gradualmente o preço do Playstation ao longo do tempo e
extraindo o máximo de renda dos consumidores. Consequentemente, a empresa
consegue obter um grande lucro. Essa prática é chamada de discriminação de
preços.
Agora
vem outra questão: se as empresas agem dessa forma, por que não dizem
publicamente? Ora, imagine o diretor da Sony em uma comitiva para divulgar o
novo videogame afirmando que “a empresa cobrará 4 mil reais para extrair a
renda dos consumidores mais ansiosos, e que somente após abastecer essa
demanda, a empresa irá reduzir um pouco o preço, pois dessa forma estará maximizando o seu lucro comercial”. Não soaria muito bem, embora
estivesse equipada com a verdade.
É mais
fácil e vantajoso culpar o governo pelo preço mais alto. Ao transferir a culpa
para o Estado, a empresa se livra da necessidade de explicar o porquê de um
preço tão elevado, e reduz o risco de receber críticas por uma suposta política
que priorize a obtenção de lucros elevados. No final, o consumidor fica
satisfeito, este não foi explorado pela empresa, e sim pelo Estado, e a empresa
transfere a culpa para o governo, e pode prosseguir com a discriminação de
preço. Raciocínio similar pode ser realizado no mercado de automóveis brasileiro.
Se o brasileiro aceita pagar um preço elevado, por que a empresa cobraria
menos?
Há outro elemento na história; setores com proteção governamental. Há alta tributação á importados - veículos por exemplo - reduzindo a concorrência, curiosamente os "amigos do rei" - locadoras de veículo - compram com isenção fiscal e hoje em seus balanços observamos maior receita proveniente da VENDA de automóveis ao invés da Locação... Falam que no Brasil não tem inovação, mas a gente inova o tempo todo ao criar ineficiências no mercado rs
ResponderExcluir"Falam que no Brasil não tem inovação, mas a gente inova o tempo todo ao criar ineficiências no mercado" hhahahah Muito bom
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