Comparativo com 30 países mostra que crescimento do PIB deixará novamente a desejar
Toda semana eu tenho o costume de buscar o meu almoço no restaurante próximo de minha casa. Compro minha marmita, volto para casa, almoço e continuo os trabalhos. Outras vezes almoço na universidade. Nesta semana, quando fui pegar minha marmita, encontrei amigos discutindo política e economia. Me colocaram na roda (sempre para ouvir, nunca para discordar deles) e me informaram que a economia brasileira estava "voando", uma clara derivação do prometido "decolar" do ministro Paulo Guedes.
Claro que imaginei que fosse piada ou ironia da parte deles. Fixei o olhar em seus rostos buscando um sorriso carregado de ironia ou de sentido cômico. Mas não! Estavam falando sério! Perceberam minha perplexidade e complementaram afirmando que atualmente o Brasil é a "melhor economia do mundo". Isso mesmo, do mundo!
Imagino que esse otimismo (e miopia) decorra das fontes que utilizam para se informarem. Por outro lado, há sinais leves de melhora na economia, como a queda da taxa de desemprego e o enfraquecimento da taxa de inflação. Todavia, o caminho ainda é muito longo para recuperar os prejuízos advindos de pelo menos 3 fatores. O primeiro é o desarranjo promovido pela pandemia. O segundo decorre da falta de vontade e habilidade do atual governo em realizar as reformas estruturais que poderiam gerar ganhos tanto no curto quanto no longo prazo (neste texto aqui escrevi 10 reformas que são necessárias). O terceiro são os próprios erros da política econômica, como os furos no teto do gasto (o mais recente foi a PEC "kamikaze"), e o não cumprimento de promessas, como as ondas de privatizações e a redução do déficit público para zero. O governo que se eleger nas eleições deste ano irá herdar os efeitos deletérios do terceiro fator que apontei, além, como sempre defendo, da necessidade e imperiosidade de avançar reformas econômicas.
Fui no site do FMI (Fundo Monetário Internacional) e coletei os dados mais recentes de uma amostra das principais economias do mundo. É uma forma de verificar como o Brasil tem se comportado e compará-lo com outros países. A tabela abaixo apresenta o crescimento da produção (retirando o efeito dos preços) nos anos de 2020 e 2021 (coluna rosa), as projeções de crescimento deste ano e para o próximo ano (coluna amarela) e antigas projeções do PIB de 2022 e 2023 (coluna azul). As duas últimas linhas mostram a média das 30 economias (linha MÉDIA) e a última mostra a posição do Brasil em relação aos demais países (coluna POSIÇÃO). Eu tentei buscar dados dos mais de 150 países que existem, mas o FMI disponibilizou dados para apenas 30 economias.
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