terça-feira, 8 de junho de 2021

Previsões mostram que PIB brasileiro irá se recuperar rapidamente

Mas sem reformas, esse crescimento seguirá rotas passadas: "voo de galinha"

crescimento baixo fraco


Os últimos dias foram surpreendentes no noticiário econômico. Tanto pelo crescimento do PIB trimestral quanto pela queda - inesperada - do patamar da dívida pública/PIB. Por outro lado, informações relevantes quanto ao ambiente macroeconômico receberam menor atenção, como a previsão de que a taxa de juros Selic termine esse ano por volta de 6%, e a taxa de inflação em 5,5%

A respeito da expansão do PIB, parte do crescimento será de reposição do nível perdido por causa da pandemia. Essa aceleração foi até prevista por alguns economistas, como Mankiw, sob o argumento de que, ao contrário de crises econômicas, nas quais empresas fecham em definitivo, eliminando empregos de forma permanente, a crise da Covid-19 fechou temporariamente vários estabelecimentos, logo, conforme a superação da pandemia se evidenciasse, a produção voltaria ao seu ritmo anterior. Parece que estamos nessa trajetória, conforme a vacinação em massa consiga aumentar a imunidade dos brasileiros. 

Entretanto, a tendência é que essa aceleração do crescimento do PIB seja evento de curta duração, pela simples razão de que não superamos as distorções e amarras que possibilitariam crescimento acelerado do PIB de forma sustentável, isto é, crescer a elevadas taxas tanto no curto quanto no longo prazo. Para isso, como tenho defendido desde que iniciei esse espaço, o país precisa de reformas estruturais, as quais consigam elevar a competitividade da economia e o crescimento da produtividade. Tenho escrito semanalmente uma série de artigos que mostram e explicam como essas reformas poderiam nos tirar da atual armadilha em que caímos nas últimas décadas. 

A realização dessas reformas não é tarefa de fácil e rápida execução. Marcos Mendes escreveu um livro explicando o porquê disso, com o diagnóstico sendo o próprio título da obra, Por que é Difícil Fazer Reformas Econômicas no Brasil? (aos interessados, fiz a resenha de seu livro aqui). Parte dessa dificuldade, segundo Mendes, se dá devido ao nosso sistema político (coalizões em um sistema com mais de 30 partidos envolve muita negociação), e outra parcela devido à má compreensão, desinformação, da relação dessas reformas com o entrave que enfrentamos.

Em resumo, minha opinião é a de que muito possivelmente (para aqueles eufóricos com as últimas notícias da economia, meu raciocínio soará pessimista) testemunharemos um crescimento do tipo voo de galinha (PIB aumenta por um tempo, mas logo depois perde dinamismo e permanece estagnado). A explicação é a de que não realizamos as reformas necessárias para recolocar o Brasil entre as economias mais dinâmicas. Todavia, não compartilho o pessimismo da revista The Economist, a qual dedicou uma seção especial sobre a economia brasileira. Acredito que a realização dessas reformas seria capaz de reinventar o ambiente macroeconômico do país, gerando condições para que a acumulação de capital físico e humano e o progresso tecnológico se elevassem de forma rápida, culminando na expansão acelerada do PIB. A fórmula para termos uma economia dinâmica continua sendo a mesma de décadas passadas. A dificuldade é construir esse ambiente propício para que ela ocorra.






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