Quanto maior a demora, mais forte serão as medidas para conter a piora do ambiente econômico
As previsões do mercado em relação à economia brasileira pioraram significativamente nas últimas semanas. Parte da piora se deve à inaptidão do país em realizar reformas que melhorem a trajetória da dívida pública/PIB. Outra parte é explicada pelo Orçamento aprovado para 2021, com artifícios fiscais pouco honrosos. Samuel Pessoa está correto ao dizer que esse orçamento nos faz lembrar as pedaladas fiscais que culminaram no impeachment de Dilma Rousseff.
Sobre as previsões, a Selic terminaria esse ano em 5,25%, a taxa de inflação em patamar próximo ao de 5% e o PIB expandiria em 3%. Comparando com antigas projeções, o novo cenário apresenta menor crescimento conjugado com maiores preços e juros. Sinal de piora macroeconômica.
Também foi correto o pessimismo demonstrado por alguns analistas em relação a perda de potência da política monetária do Banco Central. Caso o crescimento da dívida pública se descontrole, a política monetária (taxa de juros Selic) pouco poderia fazer para reverter o quadro. Em tal conjuntura, a Selic subiria, contribuindo ainda mais para elevar o fardo fiscal com o pagamento de juros da dívida. O G1 apresentou a figura abaixo para esclarecer essa situação, de forma didática e intuitiva.
Ainda temos espaço e tempo para melhorar o quadro, todavia, o perigo de adotar o caminho da irresponsabilidade fiscal sempre está na espreita, conforme o coro para a flexibilização do teto do gasto nos mostra. A permissão de furar o teto carregaria consigo a piora da dívida pública, e todas as consequências ilustradas na figura acima. Das opções disponíveis, é uma das piores que temos.
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