quarta-feira, 21 de abril de 2021

Baixa mobilidade educacional é sintoma de economia estagnada

Desigualdade de renda tende a piorar, com efeitos negativos sobre o crescimento econômico

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É sintomática a informação de que no Brasil, em comparação com outros países, a mobilidade educacional intergeracional seja baixíssima. Isso significa que a probabilidade dos filhos apresentarem a mesma escolaridade dos pais é elevada. Posto de outro modo, famílias com baixa escolaridade tendem a continuarem dessa forma nas gerações futuras. 

Como o mercado de trabalho remunera de acordo com a escolaridade (e com a produtividade), filhos presos nesse ciclo de baixa escolaridade tenderão a ter também salários baixos. É mais um obstáculo para a redução da desigualdade de renda - também é uma explicação para a sua atual rigidez.

Escolas e universidades públicas e programas de subsídios à educação, como bolsas, são formulados e implementados visando combater esse tipo de rigidez. Contrastando esse objetivo com o dado apresentado no início do texto, não parece que estamos atingindo essa meta. 

O que considero principal destacar, todavia, é que essa reduzida mobilidade educacional se dá, em parte, devido à estagnação da economia brasileira. Como o país cresce pouco, cria poucas vagas de trabalho. As oportunidades para jovens ingressarem no mercado são menores (idem para oportunidades para os pais desses jovens aumentarem suas rendas por meio de trabalhos que remuneram melhor e, por conseguinte, conseguir ajudar suas proles nos estudos), bem como as possibilidades de melhorar o nível educacional. São sintomas de uma economia com baixo crescimento da produtividade. Baixa produtividade gera baixo nível de crescimento da produção, o qual reduz o dinamismo no mercado de trabalho, e este contribui para a baixa produtividade... E o ciclo prossegue.



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