terça-feira, 27 de abril de 2021

Lições da história

História mostra que há forte recuperação econômica após pandemias/guerras, embora transição possa ser dolorosa

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Após guerras e pandemias, segundo a revista The Economist, 3 tendências são observadas nos países que passaram por algum desse tipo de evento. A importância dessa investigação de cunho histórico se dá devido à escassez de dados mostrando o futuro de eventos traumáticos. Nesse caso, recorrer à história é sempre recomendado, embora não tenhamos certeza de que o que ocorrerá seguirá exatamente as mesmas linhas.

A primeira tendência é a de que o consumo privado se eleva após a superação do choque desfavorável. A população, tomando precauções contra os dias caóticos, tenta se proteger incrementando a poupança. Todavia, nos anos posteriores há um movimento de desfazer desse fundo, convertendo-o em expansão das compras. Talvez a sensação de "aproveitar" a vida desempenhe relevante papel para explicar esse maior gasto, dado que em uma pandemia o sentimento de pessimismo é disseminado. 

Empreendedores e empresários tomando ações mais arriscadas é a segunda tendência. Outra forma de dizer o mesmo é afirmar que a aversão ao risco se reduz. Nesse caso, investimentos são realizados em setores e segmentos nos quais, antes da eclosão da guerra/pandemia, eram pouco atrativos. Uma forma de entender isso é observar as várias empresas que encerraram suas atividades durante a Covid-19. Alguns setores se tornaram menos "inchados" ou saturados, logo, abre-se oportunidades de obter lucro após a estabilização do cenário. 

A última tendência é o aumento da pressão sobre políticos. A abertura da CPI da pandemia pode ser um indício desse comportamento. Muito provavelmente a demanda pela melhora no sistema de saúde receberá maior coro mesmo após a superação da Covid-19. As falências de empresas e a perda de empregos também podem exercer pressão para medidas que aliviem a dificuldade financeira dos indivíduos envolvidos. Em uma reportagem passada, a própria The Economist prevê que a forma de competição entre empresas será menos acirrada, menos "darwinista", com a influência do governo em proteger empresas pouco eficientes. 

De 1939 a 1945, o mundo testemunhou a Segunda Guerra Mundial. Uma das mudanças significativas (e radicais) foi o surgimento do Estado de Bem Estar Social (ou Welfare State). Essa nova configuração resultou na incorporação de demandas socialistas por economias de mercado, como a ampliação do financiamento da saúde para a população e vários programas sociais, com destaque para dispositivos que prometiam renda vitalícia após o fim da vida ativa (previdência social). Parte da formação do Estado de Bem Estar decorre do pleito por maior assistência pública para questões individuais. Há um livro que ilustra muito bem a pressão da população para a melhora na provisão de bens públicos, O Corredor Estreito

As tendências de aumento tanto do consumo privado quanto do apetite por novos investimentos contribuem para fomentar maior crescimento econômico, tanto pelo lado da oferta (novas empresas) quanto pelo lado da demanda (consumo privado). Recorrendo novamente à história, a Alemanha, parcialmente destruída pela guerra, cresceu de forma acelerada nas décadas posteriores, se tornando, como sabemos, uma potência econômica de cunho mundial. O mesmo pode ser dito para a economia japonesa.

Um dos atrativos de estudar eventos históricos é que eles fornecem luzes para entendermos o presente e subsídios para prevermos (mesmo com elevado grau de incerteza) como será os anos vindouros. O próprio fato de que desde a Revolução Industrial, no século XVIII, a tendência das economias de mercado foi o crescente aumento do padrão de vida, já mostra que a atual conjuntura de baixo dinamismo pode ser passageira. Claro que a trajetória sofreu altos e baixos, com guerras e pandemias, mas foram eventos superados. Como será a atual pandemia. 








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