quarta-feira, 7 de abril de 2021

População frágil, vacinas e programas de auxílio

Covid impôs complicada situação ao país: equilibrar apoio aos mais vulneráveis em quadro de restrição fiscal

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Os maiores perdedores desde a eclosão da Covid-19 foram os mais pobres e os segmentos da população menos bem representados, segundo a revista The Economist. Esses indivíduos contam com parcos recursos financeiros para amortecerem momentos de dificuldade, além de trabalharem em setores que contam com menor nível de proteção - parte deles fazendo parte do setor informal.

Como é sabido, nossa Constituição de 1988 forneceu ampla proteção para os trabalhadores formais, enquanto os informais continuaram sem a rede de auxílio do Estado. Percebendo essa assimetria no tratamento, o governo agiu corretamente quando criou o auxílio emergencial, distribuindo-o visando minorar o dano a esses indivíduos.

Todavia, mesmo com esse programa, segundo algumas estimativas, há brasileiros sofrendo privações relativas à alimentação. Essa informação não espanta, pois como país de renda-média e com existência de pobreza, mesmo antes da pandemia, a tendência seria que essa mazela aumentasse. O país ficou mais pobre com a atual crise, a produção se reduziu e, igualmente, os recursos fiscais minguaram. Também vale recordar que enfrentávamos (e ainda estamos enfrentando) aguda crise fiscal antes da chegada da Covid-19. Como programas de auxílio aos mais vulneráveis consomem recursos, a dívida pública se elevou, encurtando o espaço para políticas fiscais (a aprovação de um Orçamento usando contabilidade criativa foi uma tentativa de contornar essa restrição de recursos, muito mal feita por sinal).

Essas considerações nos levam à conclusão que o único caminho possível para a economia brasileira se reerguer é seguir a cartilha do FMI: vacinação em massa. Se esse caminho não parecia muito óbvio no início da crise, agora ele se tornou mais evidente, ainda mais com o que pode ser visto nos Estados Unidos, país que está conseguindo vacinar sua população com celeridade e, portanto, reerguendo a sua economia. A rápida recuperação econômica que ocorrerá nos EUA servirá de prova adicional para a eficácia da vacinação em massa para recolocar as engrenagens da economia em funcionamento. 

Ainda que o problema da pobreza não seja resolvido com a vacinação em massa, ele poderá se tornar menos agudo conforme novos empregos formais e informais sejam criados, e o governo possa aumentar seu poder de fogo para auxiliar esse grupo da população. 








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