Há perdas na produção com a ausência dos trabalhadores, e aumento do gasto fiscal com o tratamento de doenças
Na economia, saúde e educação fazem parte do conceito falha de mercado. Falha de mercado são situações nas quais o mercado, por si, não consegue entregar o melhor resultado, sendo necessário o auxílio do governo. Isso não significa que qualquer intervenção pública seja necessária, esta deve ser pontual e limitada.
Como escrevi recentemente sobre as 4 falhas de mercado existentes, uma delas é a externalidade (as outras são poder de mercado, bens públicos e informação assimétrica). É justamente nesta que a saúde se enquadra. Uma sociedade que consegue prover melhor saúde para a sua população terá trabalhadores mais produtivos e menores gastos futuros com a saúde destes (dado que a saúde preventiva também será melhor ofertada). Daí o termo externalidade, o mercado de saúde extrapola os benefícios econômicos, gerando ganhos sociais. O benefício social é maior do que o custo econômico, logo, faz sentido a intervenção do governo para conciliar benefício e custo. A ressalva é a de que esse ajuste não precisa ser oneroso. Uma coisa é otimizar o mercado, outra é privilegiar grupos dando origem a distorções (como apenas elevar a remuneração de profissionais de saúde e não aumentar a inclusão de pessoas que se beneficiem desse serviço).
É nesse contexto que a matéria retratando o gasto adicional com a saúde de alguns estados do norte do país deve ser entendida. O descuido com o sistema de saúde, ou com medidas que possam amenizar problemas futuros relacionados à saúde, gera crescente fardo fiscal no presente, o qual tende a prejudicar a capacidade do governo de ofertar melhor saúde no futuro. É um ciclo vicioso caso seja tratado de forma inadequada.
Parte da discussão do aquecimento global é baseada nessas considerações. Mesmo que não seja unânime o fato de estarmos de fato vivendo em um planeta mais quente, os efeitos da poluição, notadamente os gases poluentes emitidos, prejudicam a saúde da população. Doenças respiratórias ocorrem em maior frequência em grandes centros, como algumas cidades da China. Neste país, inclusive, ocorrem toques de restrição à circulação de indivíduos quando a concentração desses gases atinge valores perigosos. Veja, portanto, que a economia chinesa já arca com maiores gastos de saúde por conta dessa poluição. Perde-se produção devido às ausências dos trabalhadores por motivos de saúde.
A boa notícia é que esse tipo de problema é estudado por economistas (externalidades), e há várias soluções propostas. A dificuldade repousa em conciliar um acordo com mais de 150 países.
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