quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

Economias de mercado são marcadas pela entrada e saída de empresas

Ford é apenas mais um caso. Tendência é que outras empresas ocupem o espaço deixado

custo brasil


O noticiário retratou com apreensão a saída da Ford do mercado brasileiro - a empresa irá interromper a produção de veículos no Brasil, mas continuará comercializando-os em suas concessionárias. Possivelmente essa medida repercutirá de forma negativa sobre os empregos e sobre a produção total. 

Essa decisão é condizente com o fato de que o nosso país se empobreceu com a pandemia, em maior escala, e com a crise econômica e fiscal, em menor escala. O ambiente macroeconômico mostra instabilidade, e caminha para o descontrole das contas públicas. Adicionalmente, temos historicamente um elevado "custo Brasil".   

O custo Brasil representa o encarecimento de insumos produtivos, como o custo da energia elétrica, impostos, logística e cumprimento dos contratos e regras. Ele tende a tornar as mercadorias produzidas no país mais caras do que em outras regiões. No caso da Ford, além desse custo Brasil, a empresa passa por um momento de reestruturação global. Entretanto, é emblemático, e pouco auspicioso para a economia brasileira, a informação de que a Ford continuará produzindo na Argentina, enquanto encerrará suas atividades no Brasil. 

Por outro lado, o setor automobilístico é um dos segmentos mais beneficiados com subsídios pelo governo brasileiro. Estimativas apontam para a soma de quase 70 bilhões de reais em subsídios entre 2000 e 2021. Mesmo com essa ajuda, os automóveis vendidos no país se destacam pelo altíssimo preço cobrado - produtoras atribuem a culpa nos impostos (custo Brasil).

Em resumo, pouco adianta manter empresas ineficientes operando no mercado nacional. O lado negativo dos subsídios é que estes prolongam a sobrevivência de firmas pouco eficientes. Se este é o caso da Ford, a sua saída não precisa ser lamentada. Em uma economia dinâmica e aberta à concorrência, outras empresas preencheriam o espaço da Ford. Disputariam o mercado oferecendo melhores mercadorias (veículos). Como somos uma economia fechada, com baixa concorrência - o próprio setor automobilístico é formado por poucas produtoras, um típico oligopólio -, pode ser que esse espaço seja preenchido pelas empresas que já operam no nosso mercado. Nesse caso, poucas alterações seriam vistas nesse setor.





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