segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

Mercado prevê aumento da Selic nos próximos meses

Caso endividamento público não seja combatido, tendência é de sucessivos aumentos

banco central selic covid


Apesar da decisão do banco central de manter a taxa de juros Selic em 2% ao ano, há previsões de que esta encerrará o atual ano em 4%. A principal explicação para essa guinada decorreria do desajuste fiscal e a subsequente dificuldade, ou impossibilidade, de realizar medidas concretas que possam reverter a trajetória de endividamento público.

Escrevi anteriormente que esse movimento da taxa de juros era previsível, uma vez que o ambiente macroeconômico tem se deteriorado gradativamente. Por piora do ambiente, me refiro ao aumento da taxa de juros de longo prazo, aprofundamento do endividamento público, percepção de imobilidade da equipe econômica e aumento dos preços (taxa de inflação). Nossa economia possui tantos setores e partes para serem melhoradas que o não fazer nada do Ministério da Economia soa como algo negativo. Para citar apenas 3 exemplos, temos enorme espaço para ganhos de produtividade nas áreas tributária, burocrática e de aumento de competição. Daí o sentido negativo da frase "percepção de imobilidade da equipe econômica".

Há significativo risco de que a dívida pública/PIB piore ainda mais nesse ano, pois temos forte pressão da sociedade pela extensão e continuação do auxílio emergencial. Ao mesmo tempo, tivemos hoje a notícia de que o governo teve o pior ano de arrecadação nos últimos 10 anos - consequência inevitável de uma economia que não cresce e produz pouco. Portanto, temos queda de receita e pressão para o aumento dos gastos. Mistura que explica o atual descasamento das contas fiscais. 

Em meio a esse cenário pouco promissor, o banco central, órgão responsável pela estabilidade dos preços, utilizará sua principal ferramenta, a taxa de juros, para conter o descontrole dos preços e fornecer sobrevida para que o desequilíbrio fiscal receba alguma medida que minimize os seus efeitos deletérios sobre a economia. Está saindo caro o descaso com a Covid. O custo de não superá-la rapidamente é muito maior do que o da disseminação de vacinas. Guedes percebeu esse dilema.




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