quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

Preço de equívocos sempre chega

Consequências da incompetência e da desinformação

brasil covid china


As consequências de políticas econômicas equivocadas sempre chegam. Podem tardar, mas não deixam de mostrar os seus efeitos perniciosos. Como dizia Roberto Campos, autor da obra prima Lanterna na Popa: "os fatos são teimosos". Parece que o preço de declarações infelizes em relação à China chegou para o governo brasileiro, com a nação chinesa dificultando o acordo para a compra de insumos para a fabricação de vacinas no Brasil

É sabido que a China foi alvo político do atual governo. Ao mesmo tempo, porém, esse mesmo país é um dos principais parceiros comerciais do Brasil. Em termos econômicos, não fazia (e continua não fazendo) sentido direcionar críticas ácidas ao gigante asiático. Como economia de mercado, precisamos transacionar com o máximo possível de países, inclusive a China - já dizia Adam Smith desde o século XVIII. 

Não entrarei no mérito das acusações que o governo brasileiro fez em relação aos chineses nos últimos meses (a maioria incorreta e desprovida de fundamentos), por outro lado, a falta de visão deve ser criticada. Somos uma economia emergente, não desempenhamos protagonismo político e econômico no cenário internacional (Estados Unidos mudará alguma política por causa do Brasil? Mas veja que o inverso é verdadeiro), logo, é incoerente e pouco racional nos posicionarmos unilateralmente contra economias relevantes, como os Estados Unidos, Alemanha, Japão e, de novo, a China. 

Tivemos um início muito ruim com a Covid-19. Expressiva parte da população ainda acredita que esse vírus é pouco prejudicial, e que as vacinas não são tão necessárias. Essa desinformação significou atraso na aquisição de vacinas. Veja que o Canadá, por exemplo, diversificou suas apostas, realizando vários contratos com diferentes produtoras de vacinas. Comportamento típico de investidor que consegue retorno elevado no longo prazo: diversificar para reduzir os riscos. Atualmente, os canadenses têm 5 doses ou mais para cada habitante.

Estamos atrasados na compra das vacinas porque seguimos o caminho da desinformação e das fake news. Os chineses estão dificultando as negociações com um país que preferiu ofendê-los antes e durante a Covid. O pior, talvez, é que, como dito anteriormente, expressiva parte da população pactuou com esse comportamento. O preço está sendo cobrado agora. 

Para terminar, antes que eu receba acusações de que sou leitor da Globo, Folha de S. Paulo, e outros veículos que "manipulam a população", as informações da Covid que escrevi foram retiradas das prestigiosas revistas Science e Nature, ambas sendo referências mundiais na área de saúde. Sobre a importância de usar máscaras e realizar distanciamento social veja aqui e aqui, como conciliar a volta da educação presencial com a Covid aqui e o efeito do distanciamento social na redução da difusão do vírus aqui.  E claro, mesmo revista de economia, auto declarada liberal, também publicou textos informando sobre a Covid. Nesse aqui, a The Economist mostra a importância de vestir máscaras para reduzir a propagação da Covid. 






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