quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

Queda do PIB será menor nos próximos lockdowns

Lições com o passado ajudarão a lidar com o futuro

pib produção


Reportagem da revista The Economist argumenta que as economias desenvolvidas sofrerão menos no atual lockdown (confinamento) quando comparadas com o primeiro, em abril do ano passado (gráfico abaixo). No gráfico, a linha em azul é a trajetória do PIB. A parte rosada é o período de lockdown. Repare que essa parte é diferente em cada país, uma vez que o período de duração do confinamento foi distinto nas economias.

lockdown covid confinamento


Podemos tirar algumas mensagens interessantes do gráfico:

i) a produção das economias caiu abruptamente no primeiro lockdown;

ii) por outro lado, nos demais períodos de confinamento a produção apresentou apenas leve recuo seguido de crescimento subsequente;

ii) a revista atribui 3 fatores para explicar a fortíssima queda no primeiro lockdown e a reduzida queda no segundo: temor público, focalização das políticas públicas e adaptação dos negócios. 

Dissertando brevemente desses fatores. Inicialmente, o surto da Covid-19 pegou todos de surpresa, foi um evento atípico no qual estávamos despreparados. Dessa forma, grande parte da população optou por ficar em casa, mesmo quando poderia sair tomando precauções (usando máscara, álcool em gel e mantendo distanciamento). Após esse período de aprendizagem, o público em geral está saindo mais de casa, contribuindo, por meio da oferta de mão-de-obra, para a recuperação da produção. 

O segundo fator é a melhora no alvo das políticas públicas. Na Covid, governos transferiram renda diretamente (auxílio emergencial) e indiretamente (créditos para empresas). Foi uma política bem intencionada, todavia, como o mundo está longe da perfeição, houve casos de indivíduos que se aproveitaram das verbas públicas, isto é, receberam-na quando não necessitavam. Com a piora das contas públicas, consubstanciando em menores aportes para o público, governos estreitaram e melhoraram as condições para o recebimento do dinheiro. 

Por fim, o terceiro fator ilustra a plasticidade do setor de negócios, o qual se adaptou rapidamente à nova conjuntura - confirmando a proposição de que empresas são agentes dinâmicos e que conseguem lidar com vicissitudes. O trabalho remoto se espalhou, medidas de segurança foram incorporadas e a prática de delivery tem sido adotada em diferentes ramos. 

Esses 3 fatores ajudam a explicar o porquê da reduzida queda do PIB no segundo lockdown. Estamos, gradativamente, nos adaptando. Embora a reportagem trate apenas de economias desenvolvidas, podemos esperar o mesmo aprendizado, ainda que em menor escala, nos países emergentes, como o Brasil.  






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