quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

Gasto público não é panaceia para nossos problemas

No longo prazo, padrão de vida depende da produtividade 

gasto público


O gráfico abaixo mostra o suporte fiscal em proporção ao PIB que economias disponibilizaram para a população durante a Covid-19. A liderança tende a ficar com os Estados Unidos (U.S. no gráfico) conforme estes aprovem novo pacote de auxílio sob a presidência de Biden (parte laranja no gráfico). No que concerne ao Brasil, veja que estamos entre os países que mais gastaram recursos públicos/PIB em auxílios. 

brasil eua fiscal


Alguns analistas tinham apontado esse dado. Essa informação mostra um aparente paradoxo. Temos um dos Estados de Bem Estar Social mais generosos do planeta, mas mesmo assim dispendemos significativa soma de recursos para amenizar o impacto adverso do vírus. Uma possível resposta é que os programas e serviços de proteção social apresentam problemas tanto na focalização (quem são os beneficiados) quanto na implementação (forma como o gasto é realizado). 

Outra sugestão de entendimento para esse dado se ramifica nos seguintes itens:

i) nosso gasto público é realizado de forma inadequada;

ii) temos vocação para expandir o gasto do governo;

iii) os dois itens anteriores;

Sobre o ponto i), temos o gasto com a previdência e com o funcionalismo público entre as principais despesas primárias do país. O gasto canalizado para essas rubricas representa menor gasto disponível para outros eixos, como a saúde e a educação. Quanto ao ponto ii), os principais jornais do Brasil, como O Globo e o Folha de S. Paulo, escreveram diversas matérias defendendo o aumento do auxílio emergencial, portanto, tenderam a influenciar a percepção dos brasileiros quanto a essa política. Nada também exclui a possibilidade de que esses dois pontos sejam válidos. Além dos jornais citados, temos vários partidos políticos que apregoam abertamente uma necessidade imperiosa de expandir o gasto público para eliminar a pobreza e proteger a população - aparentemente não existiria custos para a adoção dessa política. Cria-se a ideia de que basta adotar esse tipo de política para resolver parte dos problemas nacionais (um exemplo de título tendencioso nessa direção pode ser visto na matéria do G1 aqui). 

Considerando essas reflexões, não espanta o crônico endividamento público que o país enfrenta atualmente. E nunca é demais afirmar que, no longo prazo, a prosperidade dos países - a formação de "Alemanhas" de um lado, e de "Argentinas de outro" - depende primordialmente da produtividade das empresas e dos trabalhadores. 


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