História se repete, mostrando que país não aprende com os erros de seu passado
A intervenção de Jair Bolsonaro sobre a Petrobras relembrou os anos de governança de Dilma Rousseff, marcados por sucessivas interferências sobre preços de empresas, chegando até mesmo a influenciar decisões do Banco Central pertinentes ao patamar da taxa de juros Selic. Um possível retorno a esse tipo de prática seria deletério para a economia brasileira, ainda lutando para se recuperar dos prejuízos causados pela gestão de Rousseff.
Os preços em uma economia de mercado funcionam como âncoras, refletem as preferências da população e as escassezes dos produtos. É normal que preços oscilem ao longo do tempo, bem como sofram aumentos abruptos em decorrência dos ambientes doméstico e internacional. Consumidores reclamam, pois preferimos pagar menos pela aquisição dos produtos. Mas as leis da economia não se inclinam aos nossos caprichos.
Empresas precisam balizar os preços de seus produtos de acordo com os seus custos e planos de investimento. Caso percam essa flexibilidade, sua sustentabilidade financeira de longo prazo pode ficar comprometida. No caso da Petrobras, a perda de mais de 100 bilhões de reais em valor de mercado serve como um indicativo desse resultado.
Bolsonaro justificou sua interferência acusando a petroleira de privilegiar poucos grupos. É desinformação. Empresas não têm a obrigação de servirem a determinados grupos, podem assim proceder, mas serão penalizadas com perdas de receitas. Adam Smith já nos ensinou que basta permitir que empresas operem, persigam suas metas e objetivos, para que surja oferta de bens e serviços, atendendo aos consumidores. Sem altruísmo ou benevolência para com os outros, apenas seguindo suas metas. Mercados se organizam e geram resultado eficiente para a população. Todavia, quando sofrem interferências, esse resultado se perde, com efeitos prejudiciais. No curto prazo, milhares de poupadores perderam capital com a desvalorização das ações da Petrobras.
Como os efeitos de medidas no presente se propagam por toda a economia, é possível que novos efeitos adversos surjam, como a piora no ambiente econômico. O investidor e o empresário pensarão duas vezes antes de iniciar planos de investimento em uma economia que sofre intervenções de políticos. Já dizia um dos melhores economistas da atual geração, Gregory Mankiw: "a doença é política, ainda que o sintoma seja econômico".
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