quarta-feira, 3 de março de 2021

Mesmo com economia em recessão, tendência é de aumento da taxa Selic

Piora crescente do quadro econômico exige medidas rígidas para o seu controle

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Era aguardado o mergulho do PIB em 2020. Hoje o IBGE divulgou que essa queda foi de 4,1%, inferior aos 5% previstos por algumas instituições. Outras economias tiveram quedas piores, como o Reino Unido, com algo próximo a 10%. Pode ser que os auxílios emergenciais tenham amortecido a redução do PIB. Estudos futuros poderão confirmar ou refutar essa hipótese.

Apesar da economia em recessão, a probabilidade de que a taxa de juros Selic se eleve ainda esse ano é elevada. Projeções do mercado financeiro apontam para algo entre 4 e 5% nesse ano. Não é uma contradição a subida dessa taxa em meio a uma forte recessão. Como o equilíbrio macroeconômico está ameaçado de sofrer abrupta ruptura, o Banco Central faz sua parte controlando as expectativas inflacionárias. Sobre estas, projeções apontam para inflação crescente ao longo do ano, podendo fechar em 4% (a meta oficial é de 3,75%). 

Na última semana, o presidente Bolsonaro mostrou o seu lado intervencionista ao alterar o comando da Petrobras. Sinalizou que tem a intenção de também interferir nos preços de energia elétrica. São notícias pouco alvissareiras para a economia, a qual funciona melhor quando sofre poucas interferências da classe política. Portanto, além da Covid-19 e do crônico endividamento público, agora temos interferências do Poder Executivo sobre empresas produtoras. 

O avanço das contaminações da Covid-19 é empecilho adicional para a recuperação da economia. Há clara possibilidade de novos lockdowns (confinamento) conforme o setor de saúde se mostre debilitado e incapaz de lidar com a crescente demanda de internações. Precisamos de vacinas, não importando de quem as compremos, desde que sejam aprovadas pelos testes de controle da Anvisa. 

Ao mesmo tempo, o governo irá fornecer novas rodadas de auxílios emergenciais, os quais pressionarão ainda mais o nível do endividamento. Entretanto, dada a fragilidade de parte da população brasileira, tal medida é necessária - fiquemos na torcida para que comportamentos oportunistas e desonestos de indivíduos que não precisam da ajuda sejam mínimos. Em resumo, as próximas semanas serão duras para nós brasileiros: a Covid-19 está avançando, as contas públicas piorando e o equilíbrio macroeconômico segue ameaçado. Nesse cenário, é natural que as taxas de juros subam, pois os prêmios de risco de se investir na economia brasileira estão se elevando. 

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