segunda-feira, 1 de março de 2021

Empresas como instrumento para o bem geral?

O melhor que uma empresa pode fazer pela economia é buscar a maximização do seu lucro

interferência presidente bolsonaro


Muitas vezes o Banco Central é acusado de favorecer pequenos grupos da sociedade. Quando este eleva a taxa de juros Selic, critica-se a sua postura porque ela estaria favorecendo os rentistas. Esses mesmos críticos argumentam que o ideal seria uma Selic baixa, barateando o crédito e ajudando os mais pobres a financiarem suas compras. 

Em artigo anterior já escrevi sobre a confusão que esse tipo de raciocínio causa. Separar o funcionamento da economia entre bonzinhos e malvados mais atrapalha do que ajuda o correto entendimento das engrenagens dos mercados. No final das contas, o adequado gerenciamento de qualquer instituição econômica, por exemplo o Banco Central, encerra os melhores resultados para a sociedade no longo prazo. Nesse caso, preços e ambiente macroeconômico estáveis.

Como o Banco Central, a Petrobras é vista por parte da população, e por alguns analistas, como peça para o auxílio dos pobres. Nessa abordagem, a empresa deveria manter o preço da gasolina baixa, pois estaria barateando, indiretamente, o transporte privado e público da população. Entretanto, quando ela eleva o preço do combustível, reduz o poder de compra dos mais pobres. 

Há várias críticas possíveis para essa descrição. i) Brasil sofre por excesso de automóveis nas estradas e congestionamento. Preço mais baixo da gasolina incentiva o agravamento desse cenário; ii) em termos ambientais, o ideal seria elevar o preço do combustível; iii) empresas bem sucedidas focam em variáveis de desempenho, como o lucro, e não no bem que podem fazer para determinados grupos; iv) implicitamente, há a defesa pela intervenção de algum político sobre a operacionalidade da empresa. 

Como empresa, a Petrobras deveria se preocupar apenas com as suas funções: fornecer combustível, extrair petróleo e comercializá-lo. Sempre visando o lucro. Não é um motivo mesquinho, pelo contrário, é um dos principais preços de uma economia de mercado. Assim como trabalhadores buscam os maiores salários, consumidores os menores preços, empresas priorizam a lucratividade. Maior lucro representa maiores dividendos para os acionistas e crescente capacidade de realizar investimentos. No longo prazo, economias dependem de investimentos para prosperarem e fornecerem melhores condições de vida para sua população.

O intervencionismo de políticos em empresas gera argumentos para amplas privatizações. Tomando a Petrobras como exemplo novamente, caso fosse privatizada, seria impossível qualquer interferência do presidente sobre sua forma de operar. Quanto ao temor de que uma empresa privada do seu tamanho poderia "explorar" os brasileiros, basta permitir a entrada irrestrita de multinacionais para competir pelo seu mercado. Nessa mesma linha, facilitar a importação de derivados de petróleo por outras vendedoras. A concorrência e o temor de perda de fatia do mercado estão entre os principais ingredientes para a melhora na provisão de serviços por empresas estabelecidas. 

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