terça-feira, 9 de março de 2021

Por que o Chile tem se destacado na vacinação?

Realidade chilena é contrária à do continente, que enfrenta politização e ineficiências nas vacinações

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Reportagem da revista The Economist questionou o porquê das vacinações estarem ocorrendo de forma bem sucedida no Chile, enquanto os seus vizinhos enfrentam dificuldades. Uma tentativa de resposta é a politização das vacinas. No México, por exemplo, professores foram inicialmente vacinados, deixando profissionais de saúde em segundo lugar - opção estranha, pois os últimos estão mais sujeitos aos riscos de contaminação. De acordo com a revista, essa decisão se pautou por grupos eleitorais que apoiam o presidente mexicano. 

Como tem sido costume desde o início da pandemia, a revista criticou a atuação do presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, o qual desqualificou os riscos da Covid-19. Apesar do ambiente caótico vivenciado por nós brasileiros, 4% de toda a população já foi vacinada, percentagem superior à média mundial, de 3,5%. Com melhor coordenação e planejamento entre os políticos, maior consciência dos riscos da Covid-19 e mensagem clara e única direcionada aos brasileiros, teríamos maior taxa de vacinação? 

Sobre o Chile, sexto país com melhor taxa de vacinação no mundo, dois fatores foram indicados para explicar o sucesso. O primeiro foi a sua campanha, no meio do ano passado, para que as empresas farmacêuticas realizassem os testes no próprio país. Em contrapartida, essas empresas dariam preferência ao Chile na subsequente entrega de vacinas. O segundo ponto concerne ao programa de imunização chileno, o qual utiliza sistema digital para acompanhar o avanço das vacinas. Em poucas palavras, os chilenos usaram uma mistura de planejamento na aquisição de vacinas com tecnologia, com o rastreamento digital dos indivíduos (Coreia do Sul, outro exemplo bem sucedido de país na administração da Covid, também utilizou tecnologia digital no início da pandemia para conter a propagação do vírus).

Dadas as características da América Latina - elevado nível de desigualdade, pobreza disseminada, corrupção e captura de verba pública por elites locais -, era esperado desempenho questionável no gerenciamento das vacinas. Isso decorre do fato de que temos governos pouco efetivos na realização de políticas públicas, isto é, ainda que tais políticas sejam formuladas, suas execuções sofrem com ineficiências. Dessa forma, a vacinação em massa, medida que exige coordenação de funcionários, políticos e alocação de verbas, estava sujeita, desde o início, a esses inconvenientes. Todavia, o Chile merece elogios por ser uma exceção dessa realidade.





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