Livro se coloca como principal caminho para futuros economistas
Introdução à Economia é o principal livro de entrada ao ensino formal e acadêmico de Ciências Econômicas para estudantes. A obra fornece um retrato geral das ferramentas de economia, bem como os diferentes tópicos que são estudados e usados por economistas e pesquisadores. Além da enorme abrangência do livro, discutindo os campos tanto da macroeconomia quanto da microeconomia, ramificações desses campos também são cobertos, como crescimento econômico de longo prazo e finanças públicas.
Logo no começo, Mankiw fornece 10 princípios que irão guiar todo o livro. Sempre ao iniciar um novo capítulo (livro tem 36 capítulos), geralmente um desses princípios serão relembrados para auxiliar a leitura.
O primeiro princípio é o de que a economia é permeada de trade-offs. Para toda decisão tomada, enfrentamos pontos positivos e negativos. No âmbito do indivíduo, ao decidir trabalhar uma hora a mais, estará automaticamente abrindo mão de uma hora adicional de lazer. Ingressar em faculdades representa renda adicional no futuro, mas no presente há abdicação da renda proveniente do trabalho. Empresas devem ponderar entre investir em capital produtivo ou na qualificação de trabalhadores. Governos podem se ver entre escolher por uma política que reduza os efeitos de uma recessão (menor desemprego), mas que entregará maior nível de inflação no futuro. Qual o melhor caminho?
Outro princípio de destaque é o dos incentivos. Pessoas, empresas e governos seguem incentivos. Como trabalhadores, buscamos os melhores salários. Empresas seguem maiores lucros. Governos observam ganhos eleitorais. Caso a estrutura seja distorcida, os resultados podem desviar do ótimo. Tomando o Brasil como exemplo, como historicamente os governadores de estados recebem perdões de dívidas com a União (aumento do número de parcelas, menor juro incidente e desconto sobre o total devido), têm o incentivo de desrespeitar acordos acertados, pois receberão alívio em caso de descumprimento. Políticos percebendo que a probabilidade de serem punidos por atos ilícitos é baixa, tendem a continuar com práticas lesivas ao erário público.
A questão de incentivos é tão importante e difundida na vida diária, que é estranho a desconsideração desse ponto na construção de políticas públicas. A recomendação é que os formuladores de políticas analisem como será a reação dos agentes em decorrência da alteração das regras do jogo.
Mankiw nos diz que o comércio internacional tem o potencial de melhorar a situação de todo o país. E essa afirmação é precisa, sendo colocada como outro princípio. Conforme economias permitam a concorrência com outros países, empresas devem melhorar a forma de produzir para que possam sobreviver no ambiente mais competitivo. Consumidores terão maior diversidade de produtos, a preços mais baixos. No geral, o efeito é positivo para cada economia envolvida, todavia, há vencedores e perdedores. Empresários que não conseguiram se adaptar ao novo panorama irão reclamar do comércio internacional, e provavelmente reivindicarão medidas protecionistas, como aumento do imposto sobre importações e subsídios.
Já li em discussões de redes sociais críticas direcionadas a esse livro, segundo as quais o livro não enfatizaria a importância da existência do Estado de direito e da propriedade privada como alicerces para o funcionamento dos mercados. É estranho, pois o sétimo princípio é justamente sobre esse ponto. Ele assinala para a necessidade de um governo para não somente garantir a lei, os contratos e a propriedade privada, mas também para intervir e melhorar resultados do mercado. Em particular, na existência de falhas de mercado, o governo tem o potencial de melhorar a alocação de mercado, incrementando o bem estar de todos envolvidos. Fiz uma série de textos analisando as 4 falhas de mercados nas quais o governo pode melhorar o resultado (externalidades, informação assimétrica, bens públicos e poder de mercado). Essas falhas não passam despercebidas por Mankiw. Todas são muito bem discutidas, com o acréscimo de uma possível nova falha, fator que ganhou relevância no século XXI, o combate à desigualdade. Esse último ponto mostra que o livro segue se atualizando, estando atento ao contexto mundial.
O último princípio que discutirei é o de que o padrão de vida da população depende da produtividade da economia. Economias mais produtivas conseguem entregar melhores serviços, mercadorias e ambiente macroeconômico estável para os seus habitantes. Possuem mais recursos fiscais para mitigar possíveis falhas nos mercados. Leis de salários mínimos e sindicatos tentam obter esse resultado controlando os preços dos trabalhadores (salários), entretanto, tais investidas tendem a melhorar somente a situação dos indivíduos que já estão empregados, prejudicando, por outro lado, os desempregados. O fator primordial para subir os salários (e o poder de compra) é o aumento da produtividade.
O livro tem aproximadamente 850 páginas, muitos gráficos, vários textos abordando tópicos recentes e é extremamente didático, tratando de vários temas de economia, como políticas econômicas durante recessões, endividamento público e suas consequências e monopólios e oligopólios. Não consigo imaginar melhor livro para leigos em economia para iniciarem os seus estudos. Mankiw consegue entregar obra de excelente qualidade - o que se reflete na ampla aplicação do livro na maior parte das faculdades de economia do mundo. Dessa forma, Introdução à Economia pode facilmente melhorar a qualidade do debate econômico (principalmente em redes sociais). Por exemplo, não há sequer uma menção à teoria monetária moderna (modern monetary theory), ao gasto público que se autofinancia de forma permanente, à privatização da justiça e à exploração de trabalhadores por empresários (mais-valia) - tais ausências não são fortuitas, servem de alerta para os leitores de suas respectivas importâncias para a Ciência Econômica.
Olá, gostei demais. Li até o capítulo do papagaio culto. O caminho do empreendedor é muito solitário. Estou buscando ler mais do livro e tenho interesse em terminá-lo. Sou formado em comunicação social, com habilitação em Publicidade e Propaganda e estudo Marketing. Muito importante, oferta, demanda e elasticidade nas práticas de comunicação social.
ResponderExcluirSem dúvidas, acredito que o conhecimento básico de como os mercados funcionam poderá te ajudar na sua jornada
ExcluirObrigado por responder, amigo. Ainda na saga para ler/terminar esse livro. Enquanto isso, vamos estudando. Um abraço!
Excluir