quinta-feira, 5 de março de 2020

Economistas liberais NÃO precisam ser responsabilizados pelo baixo crescimento

Depois de uma grande bagunça, toma-se tempo para arrumar a casa


coluna critica políticas liberais

Em coluna do jornal Estadão, cujo título é "Economistas liberais precisam ser responsabilizados pelo baixo crescimento", questionou-se o atual direcionamento da economia - voltada para o livre mercado. O baixo crescimento desde 2015 seria evidência da incapacidade das medidas adotadas, como o teto do gasto e a reforma da previdência.

O autor não considerou que essas medidas entregarão resultados somente no longo prazo. Ignorou o fato da economia ter sofrido anos de políticas econômicas mal elaboradas (como o voluntarismo do BNDES para criar campeões nacionais), sendo que, igualmente como ocorre com medidas bem adotadas, os efeitos de políticas inadequadas também persistem no longo prazo. 

O trabalho de Hopenhayn e Neumeyer, por exemplo, atribui o atraso dos países da América Latina devido aos subsídios públicos implementados de forma equivocada e ao modelo de crescimento de substituição de importações, o qual teria criado incentivos perversos para a economia - teria gerado um cenário de baixo crescimento da produtividade (link do artigo aqui).

O Brasil tem uma das economias mais fechadas do mundo, com crônico endividamento público e sofre de baixa produtividade do trabalho. Não há receita que consiga reverter isso no curto prazo. 

Fonte: Estadão
Link: https://politica.estadao.com.br/blogs/gestao-politica-e-sociedade/economistas-liberais-precisam-ser-responsabilizados-pelo-baixo-crescimento/


3 comentários:

  1. Pois é... Hoje, mais de 18 meses depois desse texto, eu pergunto: dada as condições da economia e mercado de trabalho (nov/2021), as medidas de liberalização deram o resultado previsto? Ou ainda não foi tempo suficiente?

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    1. Quais medidas de liberalização? Darei um exemplo: nessa semana foi anunciada a redução de 10% sobre impostos de importação, o que favorece a abertura comercial. Por outro lado, foi também anunciado um aumento do IOF para custear programas, o que vai contra a abertura financeira. Não vejo um claro programa de liberalização. Me parece mais um governo perdido, sem rumo bem definido no campo econômico.
      Sobre os efeitos das reformas, é difícil extraí-los em meio a tantas medidas, ainda mais sem uma clara definição. Além disso tudo, tivemos (e temos ainda na verdade) uma crise sanitária.

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    2. Veja que i) tivemos uma medida de liberalização (10% de queda no imposto) e ii) tivemos uma medida contrária à liberalização (aumento do IOF). Qual o resultado final sobre a economia? Difícil dizer. O que pode ser dito é que medidas de abertura econômica melhoram a economia, mas temos de isolar os seus efeitos, caso contrário, estaremos olhando para um aglomerado de inúmeras medidas, com diferentes efeitos.

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