Mecanismo de ajustamento dos preços é a resposta para escassez de produtos
O
Coronavírus finalmente entrou no território brasileiro, e junto a ele todo o
temor de seus possíveis efeitos sobre a sociedade. A bolsa de valores reagiu de
forma adversa, tendo queda de 7% em apenas um dia. Os investidores estrangeiros
retiraram 34 bilhões de reais aplicados nela apenas nesse ano – equivalente a
80% do total retirado em 2019 (reportagem aqui).
Provavelmente o mercado irá refazer a previsão de crescimento econômico do
Brasil, e certamente teremos outro ano de baixo crescimento. Como afirmei nesse
texto aqui,
o Brasil não é uma ilha isolada do mundo.
Em meio
a esse cenário, na cidade de São Paulo, há relatos de falta de máscaras e
álcool em gel nas farmácias. A procura por itens de higiene se elevou
concomitantemente com a chegada do vírus. Como sempre, as leis do mercado não
deixaram de funcionar, em especial, a lei da oferta e
da demanda. A procura (demanda) se elevou com uma oferta constante, resultando
no aumento dos preços desses produtos e na sua ausência das prateleiras.
Como é
corriqueiro, acusações de preço abusivo surgiram (reportagem aqui).
Usando novamente a lei da oferta e da demanda, caso o mecanismo de ajustamento
dos preços não seja permitido funcionar adequadamente, teremos farmácias com
prateleiras vazias. O preço não se elevará como deveria ter se elevado, mas por
outro lado muitos consumidores ficarão sem ter acesso a esses itens. Seria um
episódio clássico de escassez de um bem.
No ano
de 2013, devido às condições climáticas adversas para a sua colheita, o preço
do tomate aumentou em mais de 80%. O fato foi alardeado e alvo de diversas
piadas nas redes sociais (veja um dos memes aqui).
Talvez por ser um produto vendido por diversos produtores de forma
descentralizada, os consumidores não tenham
relacionado o incremento do preço com práticas abusivas ou monopolistas.
O preço do tomate se elevou e não tivemos falta do produto nas prateleiras. O
ajuste da oferta com a demanda foi realizado com sucesso.
Por
outro lado, em 2018 tivemos a greve dos caminhoneiros, evento que prejudicou o
funcionamento de todo o país. Entre os setores afetados, os postos de gasolina
apresentaram filas imensas. Os consumidores não permitiram que os reajustes do
preço da gasolina fossem realizados para equilibrar o mercado, então arcaram
com a consequência inevitável de seus atos: falta do produto e/ou demora para
obtê-lo.
Quando
empresas se deparam com o aumento abrupto da demanda, os custos de produção se
elevam para atender a essa maior procura. Elas pagam horas extras para funcionários
e compram mais matérias-primas de fornecedores – também podem aumentar a margem
de lucro. Essas etapas acarretam em um produto mais caro. Consequentemente o
preço é repassado para o consumidor. Este terá o produto almejado, mas a um
preço mais alto.
O preço
é a principal âncora de uma economia de mercado. É por meio dele que as
decisões de compra, venda e produção são realizadas. Quando, por algum motivo, o
ajustamento do preço às condições da economia é prejudicado, veremos
consequências prejudiciais para o mercado. "The market and its inescapable law
are supreme", já dizia Mises.
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